Inspirando-se na mudança do conceito de “interessante” ao longo do tempo de que nos falou no último episódio, Rui Tavares propõe agora uma leitura dos séculos XVIII e XIX, sublinhando como a distinção entre Iluminismo e Romantismo se manifesta na forma como as pessoas passaram a relacionar-se com a realidade ao seu redor.
Como a transformação da perceção, da relação com o “eu”, da função da arte, ao pensamento artístico e estético reconfiguraram o tempo histórico?
As fronteiras entre o útil e o inútil, o interessante e o aborrecido, a destilação e a fermentação são eixos com que Rui Tavares nos instiga a compreender como o olhar estético é fundamental para compreender a história de cada época.
Aqui, não está em causa um evento ou agente histórico, mas a renovação da sensibilidade e das formas de atenção que definem aquilo que cada tempo considera possível ou relevante. A passagem do tempo faz-se também da metamorfose das ideias, dos modos de sentir e das formas de perceber o mundo.
Lista de Músicas utilizadas neste episódio:
Luigi BOCCHERINI. Quinteto n.º 9 em DÓ maior, G. 453, “La ritirata di Madrid”, 1798
Joseph HAYDN. Sinfonia n.º 101 em Ré maior "O Relógio", 1763
Robert SCHUMANN. Adagio e Allegro, Op. 70 (versão para violoncelo e piano), 1849
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY. Eugene Onegin, Op. 24: Act I, Introdução, 1878
Wolfgang Amadeus MOZART. Andante e 5 Variações em Sol maior, K. 501, 1786
Clara SCHUMANN. Romanzen, Op. 21: I. Andante para piano solo, 1853