Os EUA têm estado particularmente empenhados na América Latina. Donald Trump ameaçou impor uma taxa de 50% a todas as importações do Brasil, para defender Jair Bolsonaro; aplicou sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por este ter criticado as acções militares no Caribe, supostamente contra o narcotráfico; deslocou soldados para a fronteira com o México e revogou o visto de vários políticos mexicanos; e fez depender das eleições intercalares na Argentina o resgate financeiro do país.
Mais recentemente, os EUA concentraram meios militares ao largo da Venezuela, com o álibi da campanha contra o tráfico de droga, e deram vários sinais da sua disposição em acabar com o regime comunista de Nicolas Maduro.
E apoiaram o candidato Nasry Asfura à presidência das Honduras, numa tentativa de interferência na política interna, a ponto de acusar as autoridades do país de tentarem manipular os votos. Num gesto de total incoerência, o presidente dos EUA libertou, esta semana, o antigo presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, condenado por narcotráfico pela justiça norte-americana, e que cumpria uma pena de prisão de 45 anos de cadeia.
Com esta lógica de punir os rivais e críticos e de recompensar os aliados e dóceis, o que é que os EUA pretendem da América Latina?
O convidado deste episódio é Andrés Malamud, investigador em ciência política do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.