Como ator, Wagner Moura apresentou ao Brasil o Capitão Nascimento, policial do Bope que matava e torturava bandidos. Na estreia como diretor, traz “Marighella”, ex-deputado do partido comunista que entrou na luta armada e morreu nas mãos da ditadura. Com o primeiro filme, foi acusado de glamourizar violência policial. Agora, está sendo acusado de idolatrar terroristas. O filme irritou tanto os bolsonaristas que o lancamento, previsto para 2019, só está acontecendo agora – para Wagner, em razão de um ato de censura do governo Bolsonaro. Ele não esconde que em seu filme, Marighella, vivido por Seu Jorge, é herói. Mas diz que a discussão sobre o assunto é mais complexa do que parece. “Não acho certo julgar em 2021 brasileiros e brasileiras que, em momento de total cerceamento de suas liberdades e incendiados por uma ideia que permeava o mundo inteiro, optaram pela luta armada. Fiz o filme justamente pela profunda admiração que tenho por essas pessoas”. Na conversa com Malu Gaspar, o artista discute o futuro do país pós-2022, as contradições da esquerda e conta como é ser um ator latino em Hollywood.