Amadeu Guerra, o Procurador-Geral da República, não escondeu o seu desconforto quando os jornalistas o interpelaram esta quinta-feira para falar sobre o caso das escutas a António Costa e a membros do anterior Governo, que acabaram por vazar para a imprensa. Está tudo no comunicado, respondeu. Mas, não, não está tudo no comunicado. No texto divulgado um dia antes, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal avisou que vai avançar com a participação criminal contra a publicação do resumo de conversas interceptadas – ou seja, os jornalistas ficam na linha de fogo, quando a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem os iliba em casos como este. E sugere que a violação do segredo de justiça pode ter sido responsabilidade dos advogados de defesa.

Como seria de esperar, levantou-se um coro de protesto contra a violação da lei e a devassa da vida privada exposta nas escutas. Os candidatos presidenciais indignaram-se. Os advogados envolvidos exigem clareza. O PSD mostrou desconforto. Mas, entre o incómodo e o protesto, uma voz que já nos habituámos a ouvir sempre que há uma crise na Justiça, destacou-se: a do Manifesto dos 50+. Fundado em Maio de 2024, este grupo de cidadãos não tem parado de exigir reformas, transparência e responsabilidade aos órgãos da Justiça, em especial ao Ministério Público.

A origem do movimento é fácil de entende: Um Governo maioritário caiu por causa de uma diligência judicial que, dois anos depois, continua sem arquivar, acusar ou sequer constituir arguido o seu principal alvo: António Costa. A sua credibilidade, também: do grupo fundador fazem parte militantes do PS, PSD ou CDS, pessoas mais à esquerda e mais à direita, cientistas como Manuel Sobrinho Simões, o sociólogo António Barreto ou o constitucionalista Vital Moreira.

No comunicado destes dias, o Manifesto 50 +, é duro nas palavras. Lembra que, para lá de “poder ter sido cometido um crime, o vazamento das escutas viola de forma grosseira os mais elementares direitos dos cidadãos e oferece gratuitamente à curiosidade pública, factos sem relevância criminal e que pertencem, ou ao foro da governação e do Estado, ou à reserva da vida privada dos escutados. Mas também é duro nas exigências: lembra que cabe a Amadeu Guerra, como dirigente máximo do Ministério Público, assumir as suas responsabilidades institucionais e agir com a eficácia e a veemência necessárias à investigação e repressão de mais este crime. E no rol das exigências, o Presidente não é poupado: caberia ao Presidente da República garantir o regular funcionamento das instituições democráticas, lembra o Manifesto.

Afinal, o que é o Manifesto e o que move os seus promotores? Tema para a conversa com Paulo Mota Pinto, doutorado em direito, professor na Universidade de Coimbra e membro fundador do Manifesto 50+.

Amadeu Guerra, o Procurador-Geral da Rep&uacute;blica, n&atilde;o escondeu o seu desconforto quando os jornalistas o interpelaram esta quinta-feira para falar sobre o caso das escutas a Ant&oacute;nio Costa e a membros do anterior Governo, que acabaram por vazar para a imprensa. Est&aacute; tudo no comunicado, respondeu. Mas, n&atilde;o, n&atilde;o est&aacute; tudo no comunicado. No texto divulgado um dia antes, o Departamento Central de Investiga&ccedil;&atilde;o e Ac&ccedil;&atilde;o Penal avisou que vai avan&ccedil;ar com a participa&ccedil;&atilde;o criminal contra a publica&ccedil;&atilde;o do resumo de conversas interceptadas &ndash; ou seja, os jornalistas ficam na linha de fogo, quando a jurisprud&ecirc;ncia do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem os iliba em casos como este. E sugere que a viola&ccedil;&atilde;o do segredo de justi&ccedil;a pode ter sido responsabilidade dos advogados de defesa.
Como seria de esperar, levantou-se um coro de protesto contra a viola&ccedil;&atilde;o da lei e a devassa da vida privada exposta nas escutas. Os candidatos presidenciais indignaram-se. Os advogados envolvidos exigem clareza. O PSD mostrou desconforto. Mas, entre o inc&oacute;modo e o protesto, uma voz que j&aacute; nos habitu&aacute;mos a ouvir sempre que h&aacute; uma crise na Justi&ccedil;a, destacou-se: a do Manifesto dos 50+. Fundado em Maio de 2024, este grupo de cidad&atilde;os n&atilde;o tem parado de exigir reformas, transpar&ecirc;ncia e responsabilidade aos &oacute;rg&atilde;os da Justi&ccedil;a, em especial ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico.
A origem do movimento &eacute; f&aacute;cil de entende: Um Governo maiorit&aacute;rio caiu por causa de uma dilig&ecirc;ncia judicial que, dois anos depois, continua sem arquivar, acusar ou sequer constituir arguido o seu principal alvo: Ant&oacute;nio Costa. A sua credibilidade, tamb&eacute;m: do grupo fundador fazem parte militantes do PS, PSD ou CDS, pessoas mais &agrave; esquerda e mais &agrave; direita, cientistas como Manuel Sobrinho Sim&otilde;es, o soci&oacute;logo Ant&oacute;nio Barreto ou o constitucionalista Vital Moreira.
No comunicado destes dias, o Manifesto 50 +, &eacute; duro nas palavras. Lembra que, para l&aacute; de &ldquo;poder ter sido cometido um crime, o vazamento das escutas viola de forma grosseira os mais elementares direitos dos cidad&atilde;os e oferece gratuitamente &agrave; curiosidade p&uacute;blica, factos sem relev&acirc;ncia criminal e que pertencem, ou ao foro da governa&ccedil;&atilde;o e do Estado, ou &agrave; reserva da vida privada dos escutados. Mas tamb&eacute;m &eacute; duro nas exig&ecirc;ncias: lembra que cabe a Amadeu Guerra, como dirigente m&aacute;ximo do Minist&eacute;rio P&uacute;blico, assumir as suas responsabilidades institucionais e agir com a efic&aacute;cia e a veem&ecirc;ncia necess&aacute;rias &agrave; investiga&ccedil;&atilde;o e repress&atilde;o de mais este crime. E no rol das exig&ecirc;ncias, o Presidente n&atilde;o &eacute; poupado: caberia ao Presidente da Rep&uacute;blica garantir o regular funcionamento das institui&ccedil;&otilde;es democr&aacute;ticas, lembra o Manifesto.
Afinal, o que &eacute; o Manifesto e o que move os seus promotores? Tema para a conversa com Paulo Mota Pinto, doutorado em direito, professor na Universidade de Coimbra e membro fundador do Manifesto 50+.

O cerco que aperta o Ministério Público envolve uma poderosa rede de cidadãos

Os EUA têm estado particularmente empenhados na América Latina. Donald Trump ameaçou impor uma taxa de 50% a todas as importações do Brasil, para defender Jair Bolsonaro; aplicou sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por este ter criticado as acções militares no Caribe, supostamente contra o narcotráfico; deslocou soldados para a fronteira com o México e revogou o visto de vários políticos mexicanos; e fez depender das eleições intercalares na Argentina o resgate financeiro do país.

Mais recentemente, os EUA concentraram meios militares ao largo da Venezuela, com o álibi da campanha contra o tráfico de droga, e deram vários sinais da sua disposição em acabar com o regime comunista de Nicolas Maduro.

E apoiaram o candidato Nasry Asfura à presidência das Honduras, numa tentativa de interferência na política interna, a ponto de acusar as autoridades do país de tentarem manipular os votos. Num gesto de total incoerência, o presidente dos EUA libertou, esta semana, o antigo presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, condenado por narcotráfico pela justiça norte-americana, e que cumpria uma pena de prisão de 45 anos de cadeia.

Com esta lógica de punir os rivais e críticos e de recompensar os aliados e dóceis, o que é que os EUA pretendem da América Latina?

O convidado deste episódio é Andrés Malamud, investigador em ciência política do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Os EUA t&ecirc;m estado particularmente empenhados na Am&eacute;rica Latina. Donald Trump amea&ccedil;ou impor uma taxa de 50% a todas as importa&ccedil;&otilde;es do Brasil, para defender Jair Bolsonaro; aplicou san&ccedil;&otilde;es contra o presidente da Col&ocirc;mbia, Gustavo Petro, por este ter criticado as ac&ccedil;&otilde;es militares no Caribe, supostamente contra o narcotr&aacute;fico; deslocou soldados para a fronteira com o M&eacute;xico e revogou o visto de v&aacute;rios pol&iacute;ticos mexicanos; e fez depender das elei&ccedil;&otilde;es intercalares na Argentina o resgate financeiro do pa&iacute;s.
Mais recentemente, os EUA concentraram meios militares ao largo da Venezuela, com o &aacute;libi da campanha contra o tr&aacute;fico de droga, e deram v&aacute;rios sinais da sua disposi&ccedil;&atilde;o em acabar com o regime comunista de&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/11/30/mundo/noticia/escalada-militar-caraibas-empurra-crise-venezuelaeua-terreno-imprevisivel-2156288" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="2">Nicolas Maduro</a>.
E apoiaram o candidato Nasry Asfura &agrave; presid&ecirc;ncia das Honduras, numa tentativa de interfer&ecirc;ncia na pol&iacute;tica interna, a ponto de acusar as autoridades do pa&iacute;s de tentarem&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/12/02/mundo/noticia/empate-tecnico-presidenciais-honduras-trump-fala-manipulacao-2156683" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="3">manipular os votos</a>. Num gesto de total incoer&ecirc;ncia, o presidente dos EUA libertou, esta semana, o antigo presidente hondurenho,&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/12/02/mundo/noticia/trump-perdoa-liberta-antigo-presidente-honduras-condenado-narcotrafico-2156782" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="4">Juan Orlando Hern&aacute;ndez</a>, condenado por narcotr&aacute;fico pela justi&ccedil;a norte-americana, e que cumpria uma pena de pris&atilde;o de 45 anos de cadeia.
Com esta l&oacute;gica de punir os rivais e cr&iacute;ticos e de recompensar os aliados e d&oacute;ceis, o que &eacute; que os EUA pretendem da Am&eacute;rica Latina?
O convidado deste epis&oacute;dio &eacute;&nbsp;Andr&eacute;s Malamud, investigador em ci&ecirc;ncia pol&iacute;tica do Instituto de Ci&ecirc;ncias Sociais da Universidade de Lisboa.

O que é que os EUA querem fazer da América Latina?

Depois de negociações entre a Ucrânia e os EUA, no último fim-de-semana, Steve Witkoff e Jared Kushner, os enviados de Donald Trump, reuniram-se, ontem, de novo, com o presidente russo. Era suposto que Witkoff apresentasse a Putin a versão mais recente do plano de 28 pontos anunciado por Trump e que, entre outras medidas, implicava que a Ucrânia cedesse à Rússia território que está sob o seu domínio, reduzisse o seu efectivo militar e renunciasse por completo a aderir à NATO.

A primeira versão do plano terá sido coordenada directamente entre Witkoff e Kirill Dmitriev, o negociador russo, sem participação ucraniana. Witkoff terá, inclusive, dado instruções sobre como influenciar Trump.

Ontem, antes de receber Witkoff, Putin disse que a Rússia está preparada agora mesmo para uma guerra com a Europa e ordenou a criação de uma zona de segurança ao longo da fronteira com a Ucrânia. O presidente russo diz que os europeus fazem exigências inaceitáveis e que tentam impedir a concretização do plano norte-americano para o fim da guerra. “Eles não têm um programa de paz, estão do lado da guerra”.

Pedro Ponte e Sousa, professor de Relações Internacionais da Universidade Portucalense e investigador do IPRI faz o balanço destas negociações.

Depois de negocia&ccedil;&otilde;es entre a Ucr&acirc;nia e os EUA, no &uacute;ltimo fim-de-semana, Steve&nbsp;Witkoff&nbsp;e Jared&nbsp;Kushner, os enviados de Donald Trump, reuniram-se, ontem, de novo, com o presidente&nbsp;russo. Era suposto que&nbsp;Witkoff&nbsp;apresentasse a Putin a vers&atilde;o mais recente do plano de 28 pontos anunciado por Trump e que, entre outras medidas, implicava que a Ucr&acirc;nia cedesse &agrave; R&uacute;ssia territ&oacute;rio que est&aacute; sob o seu dom&iacute;nio, reduzisse o seu efectivo militar e renunciasse por completo a aderir &agrave; NATO.
A&nbsp;primeira vers&atilde;o do plano ter&aacute; sido coordenada directamente entre&nbsp;Witkoff&nbsp;e&nbsp;Kirill&nbsp;Dmitriev, o negociador russo, sem participa&ccedil;&atilde;o ucraniana.&nbsp;Witkoff&nbsp;ter&aacute;, inclusive, dado instru&ccedil;&otilde;es sobre como influenciar Trump.
Ontem, antes de receber&nbsp;Witkoff, Putin disse que a R&uacute;ssia est&aacute; preparada agora mesmo para uma guerra com a Europa e ordenou a cria&ccedil;&atilde;o de uma zona de seguran&ccedil;a ao longo da fronteira com a Ucr&acirc;nia. O presidente russo diz que os europeus fazem exig&ecirc;ncias inaceit&aacute;veis e que tentam impedir a concretiza&ccedil;&atilde;o do plano norte-americano para o fim da guerra. &ldquo;Eles n&atilde;o t&ecirc;m um programa de paz, est&atilde;o do lado da guerra&rdquo;.
<a href="https://www.publico.pt/autor/pedro-ponte-sousa" data-auth="NotApplicable" data-cke-saved-href="https://www.publico.pt/autor/pedro-ponte-sousa" data-linkindex="2">Pedro Ponte e Sousa</a>, professor de Rela&ccedil;&otilde;es Internacionais da Universidade Portucalense e investigador do&nbsp;IPRI&nbsp;faz&nbsp;o balan&ccedil;o destas negocia&ccedil;&otilde;es.

Putin diz estar preparado para uma guerra com a Europa

Maria José Castro vive na Venezuela há 52 anos e o retrato que fez do país numa entrevista a Alberta Marques Fernandes, na RTP Notícias, resume-se em duas palavras: miséria e caos. Miséria e caos agora agravados pelo isolamento a que os portugueses (e os venezuelanos) estão condenados desde 21 de Novembro. Nesse dia, as autoridades norte-americanas avisaram as companhias aéreas internacionais que "extremassem a cautela" ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe, diante do que consideravam "uma situação potencialmente perigosa na região".

Várias companhias, a começar pela TAP, suspenderam os seus voos para Caracas, o que levou o regime de Nicolás Maduro a revogar as licenças de voo da companhia nacional para a Venezuela. Para agravar a situação, o presidente Donald Trump anunciou este sábado que o espaço aéreo "sobre" e "ao redor" da Venezuela deveria ser considerado fechado "por completo".

Na Venezuela vive a segunda maior comunidade portuguesa na América Latina, logo a seguir à do Brasil. Nos Consulados Gerais de Caracas e Valência estão actualmente registados cerca de 218 mil cidadãos nacionais. Mas contando com os seus descendentes, este número sobe acima do meio milhão. Dispersos pelos 23 estados da Venezuela, os portugueses são uma força importante na agricultura, na pequena indústria e principalmente no comércio do país. A Central Madeirense, uma rede se supermercados, é um dos principais grupos económicos da Venezuela, com ligações aos serviços, ao turismo e à banca.

As autoridades nacionais dizem estar atentas à situação da comunidade. O isolamento que a ameaça – só duas companhias internacionais fazem hoje voos para Caracas -, agrava-se com o espectro de uma invasão terrestre pelas forças dos Estados Unidos. O Presidente da República diz por seu lado que “tem acompanhado através do Governo, permanentemente, tudo o que está a ser feito para prever os vários cenários possíveis e ter soluções".

Nestes tempos sombrios para os portugueses na Venezuela, todo o cuidado é pouco. Quisemos saber como é que eles estão a reagir a esta situação e para o efeito pedimos a Emídio Sousa, secretário de Estado das Comunidades, que nos traçasse um retrato da sua situação por estes dias.

Maria Jos&eacute; Castro vive na Venezuela h&aacute; 52 anos e o retrato que fez do pa&iacute;s numa entrevista a Alberta Marques Fernandes, na RTP Not&iacute;cias, resume-se em duas palavras: mis&eacute;ria e caos. Mis&eacute;ria e caos agora agravados pelo isolamento a que os portugueses (e os venezuelanos) est&atilde;o condenados desde 21 de Novembro. Nesse dia, as autoridades norte-americanas avisaram as companhias a&eacute;reas internacionais que "extremassem a cautela" ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe, diante do que consideravam "uma situa&ccedil;&atilde;o potencialmente perigosa na regi&atilde;o".
V&aacute;rias companhias, a come&ccedil;ar pela TAP, suspenderam os seus voos para Caracas, o que levou o regime de&nbsp;Nicol&aacute;s&nbsp;Maduro a revogar as licen&ccedil;as de voo da companhia nacional para a Venezuela. Para agravar a situa&ccedil;&atilde;o, o presidente&nbsp;<a href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1m85dz52zvo" data-cke-saved-href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1m85dz52zvo">Donald Trump anunciou este s&aacute;bado que o espa&ccedil;o a&eacute;reo "sobre" e "ao redor" da Venezuela deveria ser considerado fechado</a>&nbsp;"por completo".
Na Venezuela vive a segunda maior comunidade portuguesa na Am&eacute;rica Latina, logo a seguir &agrave; do Brasil. Nos Consulados Gerais de Caracas e Val&ecirc;ncia est&atilde;o actualmente registados cerca de 218 mil cidad&atilde;os nacionais. Mas contando com os seus descendentes, este n&uacute;mero sobe acima do meio milh&atilde;o. Dispersos pelos 23 estados da Venezuela, os portugueses s&atilde;o uma for&ccedil;a importante na agricultura, na pequena ind&uacute;stria e principalmente no com&eacute;rcio do pa&iacute;s. A Central Madeirense, uma rede se supermercados, &eacute; um dos principais grupos econ&oacute;micos da Venezuela, com liga&ccedil;&otilde;es aos servi&ccedil;os, ao turismo e &agrave; banca.
As autoridades nacionais dizem estar atentas &agrave; situa&ccedil;&atilde;o da comunidade. O isolamento que a amea&ccedil;a &ndash; s&oacute; duas companhias internacionais fazem hoje voos para Caracas -, agrava-se com&nbsp;o espectro&nbsp;de uma invas&atilde;o terrestre pelas for&ccedil;as dos Estados Unidos. O Presidente da Rep&uacute;blica diz por&nbsp;seu&nbsp;lado que &ldquo;tem acompanhado atrav&eacute;s do Governo, permanentemente, tudo o que est&aacute; a ser feito para prever os v&aacute;rios cen&aacute;rios poss&iacute;veis e ter solu&ccedil;&otilde;es".
Nestes tempos sombrios para os portugueses na Venezuela, todo o cuidado &eacute; pouco. Quisemos saber como &eacute; que eles est&atilde;o a reagir a esta situa&ccedil;&atilde;o e para o efeito pedimos a Em&iacute;dio Sousa, secret&aacute;rio de Estado das Comunidades, que nos tra&ccedil;asse um retrato da sua situa&ccedil;&atilde;o por estes dias.

A perspectiva de um Natal sombrio para meio milhão de portugueses na Venezuela

Há mais de quatro mil médicos a trabalhar à hora no SNS, dos quais 75% têm vínculo profissional com o Estado ou com o sector privado. A despesa com os prestadores de serviços médicos atingiu os 230 mil euros, em 2024, e ascendia já a 162 milhões nos primeiros oito meses deste ano.

O Ministério da Saúde e a recém-criada Associação dos Médicos Prestadores de Serviços reuniram ontem, pela primeira vez. O Governo quer diminuir o valor pago à hora a estes clínicos, que varia consoante a carreira de cada um, as necessidades do sistema e a área geográfica de trabalho, e impedir que os médicos que saem do SNS trabalhem à tarefa durante três anos.

A associação que representa os tarefeiros comprometeu-se a entregar um documento com as suas reivindicações até ao final do ano, sabendo-se que defende a manutenção das regras que definem o valor-hora pago, negociado com cada União Local de Saúde nos contratos de prestação de serviço. São estes clínicos quem assegura a maioria dos serviços de urgência no país e que chegaram a falar na hipótese de uma paralisação.

Inês Schreck, jornalista do PÚBLICO, especializada em Saúde, é a convidada deste episódio.

H&aacute; mais de quatro mil m&eacute;dicos a trabalhar &agrave; hora no SNS, dos quais 75% t&ecirc;m v&iacute;nculo profissional com o Estado ou com o sector privado. A despesa com os prestadores de servi&ccedil;os m&eacute;dicos atingiu os&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/02/26/sociedade/noticia/sns-contratou-63-milhoes-horas-prestacoes-servico-factura-ultrapassou-230-milhoes-euros-2123965" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="2">230 mil euros</a>, em 2024, e ascendia j&aacute; a 162 milh&otilde;es nos primeiros oito meses deste ano.
O Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de e a rec&eacute;m-criada Associa&ccedil;&atilde;o dos M&eacute;dicos Prestadores de Servi&ccedil;os&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/11/27/sociedade/noticia/tarefeiros-vao-apresentar-propostas-tutela-estar-alinhados-valorhora-nao-abordado-2156240" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="3">reuniram ontem</a>, pela primeira vez. O Governo quer diminuir o&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/11/08/sociedade/noticia/tarefeiros-chegaram-sns-pros-contras-bracodeferro-tutela-2153858" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="4">valor pago &agrave; hora</a> a estes cl&iacute;nicos, que varia consoante a carreira de cada um, as necessidades do sistema e a &aacute;rea geogr&aacute;fica de trabalho, e impedir que os m&eacute;dicos que saem do SNS trabalhem &agrave; tarefa durante tr&ecirc;s anos.
A associa&ccedil;&atilde;o que representa os tarefeiros comprometeu-se a entregar um documento com as suas reivindica&ccedil;&otilde;es at&eacute; ao final do ano, sabendo-se que defende a manuten&ccedil;&atilde;o das regras que definem o valor-hora pago, negociado com cada Uni&atilde;o Local de Sa&uacute;de nos contratos de presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;o. S&atilde;o estes cl&iacute;nicos quem assegura a maioria dos servi&ccedil;os de urg&ecirc;ncia no pa&iacute;s e que chegaram a falar na&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/11/05/sociedade/noticia/grupo-mil-medicos-tarefeiros-preparase-paralisar-urgencias-sns-2153392" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="5">hip&oacute;tese de uma paralisa&ccedil;&atilde;o</a>.
In&ecirc;s Schreck, jornalista do P&Uacute;BLICO, especializada em Sa&uacute;de, &eacute; a convidada deste epis&oacute;dio.

Porque é que os médicos tarefeiros são indispensáveis no SNS?

No dia 10 de Novembro de 2000 os leitores do Público pegaram pela primeira vez no novo suplemento de cultura do jornal. Chamava-se Y, só a letra, depois, passou a chamar-se Ípsilon, por extenso, em 2007 e, num exemplo raro de longevidade e vigor, continua a ser publicado até aos nossos dias. Exemplo raro por razões óbvias e muito pouco simpáticas: a cultura, das artes aos espectáculos, dos palcos à criação, tem sido uma das principais vítimas da crise da imprensa. O ípsilon pode hoje reclamar-se com muita probabilidade de se o mais importante suplemento de cultura em língua portuguesa.

Há muitas razões capazes de explicar este estatuto e esta façanha. Em primeiro lugar, os nossos leitores, que continuam a ser a razão de ser do suplemento. Depois, a equipa da secção de cultura e os nossos colaboradores, gente com conhecimento, saber e com antenas viradas para o que se passa no país e no mundo. Mas há outra razão particular para a durabilidade do ípsilon: a sua irreverência, o seu inconformismo e a sua mania em escolher de acordo com as cabeças que o pensam.

Escreve Vasco Câmara, o seu primeiro editor, no suplemento especial de 96 páginas que hoje chega às bancas (custa 9.90 euros) : “os jornais têm medo, não é figura de estilo, de desestabilizar o leitor. Ou a sua rede social. Quando, na verdade, é isso o que nos sobra: desestabilizar...”. Continua Pedro Rios, o actual editor: estarmos disponíveis para ser invadidos pelos objectos da cultura, eis o que temos tentado fazer nos últimos 25 anos.

Mais do que um suplemento, o ípsilon tem sido uma montra de riscos e de apostas. Foi essa atitude que promoveu algumas das maiores surpresas da cultura portuguesa e mundial do período. É um suplemento elitista, fechado em nomes ou correntes minoritárias? Muitas vezes, sim, mas não é isso que os seus leitores querem? Ser confrontados com objectos que lhes invadam a atenção? Com o inesperado? O surpreendente? É isto ou também isto que vai ser discutido esta tarde, na discoteca Lux, em Lisboa, a partir das 14h30 num dos momentos de comemoração deste quarto de século do ípsilon.

Antes, porém, marcámos encontro com os dois maiores culpados deste projecto: Vasco Câmara e Pedro Rios, o primeiro e o actual editor do Ípsilon.

No dia 10 de Novembro de 2000 os leitores do P&uacute;blico pegaram pela primeira vez no novo suplemento de cultura do jornal. Chamava-se&nbsp;Y, s&oacute; a letra, depois, passou a chamar-se &Iacute;psilon, por extenso, em 2007 e, num exemplo raro de longevidade e vigor, continua a ser publicado at&eacute; aos nossos dias. Exemplo raro por raz&otilde;es &oacute;bvias e muito pouco simp&aacute;ticas: a cultura, das artes aos espect&aacute;culos, dos palcos &agrave; cria&ccedil;&atilde;o, tem sido uma das principais v&iacute;timas da crise da imprensa. O &iacute;psilon pode hoje reclamar-se com muita probabilidade de se o mais importante suplemento de cultura em l&iacute;ngua portuguesa.
H&aacute; muitas raz&otilde;es capazes de explicar este estatuto e esta fa&ccedil;anha. Em primeiro lugar, os nossos leitores, que continuam a ser a raz&atilde;o de ser do suplemento. Depois, a equipa da sec&ccedil;&atilde;o de cultura e os nossos colaboradores, gente com conhecimento, saber e com antenas viradas para o que se passa no pa&iacute;s e no mundo. Mas h&aacute; outra raz&atilde;o particular para a durabilidade do &iacute;psilon: a sua irrever&ecirc;ncia, o seu inconformismo e a sua mania em escolher de acordo com as cabe&ccedil;as que o pensam.
Escreve Vasco C&acirc;mara, o seu primeiro editor, no suplemento especial de 96 p&aacute;ginas que hoje chega &agrave;s bancas (custa 9.90 euros) : &ldquo;os jornais t&ecirc;m medo, n&atilde;o &eacute; figura de estilo, de desestabilizar o leitor. Ou a sua rede social. Quando, na verdade, &eacute; isso o que nos sobra: desestabilizar...&rdquo;. Continua Pedro Rios, o actual&nbsp;editor:&nbsp;estarmos dispon&iacute;veis&nbsp;para ser&nbsp;invadidos pelos&nbsp;objectos da cultura, eis o que temos tentado fazer nos &uacute;ltimos 25 anos.
Mais do que um suplemento, o &iacute;psilon tem sido uma montra de riscos e de apostas. Foi essa atitude que promoveu algumas das maiores surpresas da cultura portuguesa e mundial do per&iacute;odo. &Eacute; um suplemento elitista, fechado em nomes ou correntes minorit&aacute;rias? Muitas vezes, sim, mas n&atilde;o &eacute; isso que os seus leitores querem? Ser confrontados com objectos que lhes invadam a aten&ccedil;&atilde;o? Com o inesperado? O surpreendente? &Eacute; isto ou tamb&eacute;m isto que vai ser discutido esta tarde, na discoteca Lux, em Lisboa, a partir das 14h30 num dos momentos de comemora&ccedil;&atilde;o deste quarto de s&eacute;culo do &iacute;psilon.
Antes, por&eacute;m, marc&aacute;mos encontro com os dois maiores culpados deste projecto: Vasco C&acirc;mara e Pedro Rios, o primeiro e o actual editor do &Iacute;psilon.

A cultura está de parabéns: o Ípsilon faz 25 anos

Os quatro anos de “geringonça” foram os “anos em que a confiança dos portugueses nas instituições políticas foi mais alta”, escreve hoje no PÚBLICO Pedro Nuno Santos, ex-secretário-geral do PS.

Pedro Nuno Santos considera que esta foi uma “experiência extraordinária, de discussão permanente, intensa e difícil entre os parceiros parlamentares e o governo que trouxe ânimo, esperança e resultados ao país”.

Mas o antigo líder socialista reconhece que nem tudo correu bem e dá alguns exemplos: pouco investimento nos serviços públicos, pouca habitação construída e regulada e incapacidade de prever os efeitos das correntes migratórias.

A publicação deste artigo, que pode ler online ou na edição impressa de hoje, coincide com os 10 anos da tomada de posse do Governo de António Costa que ficou conhecido como “geringonça” e que contava com o apoio parlamentar do BE, PCP e os Verdes.

A palavra era usada à direita com sentido depreciativo e à esquerda com sentido oposto. Contrariamente a todos os prognósticos, o XXI Governo Constitucional cumpriu uma legislatura de quatro anos, de 26 de Novembro de 2015 a 26 de Outubro de 2019. De resto, este foi o último Governo do país a terminar uma legislatura. Esta fórmula suscitou até a curiosidade internacional.

O primeiro a usar a expressão para se referir a este governo foi o colunista Vasco Pulido Valente,  num artigo no PÚBLICO em final de Agosto de 2014.

Ana Sá Lopes, jornalista da secção de Política do PÚBLICO, é a convidada deste episódio.

Os quatro anos de &ldquo;geringon&ccedil;a&rdquo; foram os &ldquo;anos em que a confian&ccedil;a dos portugueses nas institui&ccedil;&otilde;es pol&iacute;ticas foi mais alta&rdquo;, escreve hoje no P&Uacute;BLICO Pedro Nuno Santos, ex-secret&aacute;rio-geral do PS.
<a href="https://www.publico.pt/pedro-nuno-santos" data-ogsc="" data-outlook-id="4a913a63-11d0-4201-9877-f4274afb33e9" data-linkindex="2">Pedro Nuno Santos</a> considera que esta foi uma &ldquo;experi&ecirc;ncia extraordin&aacute;ria, de discuss&atilde;o permanente, intensa e dif&iacute;cil entre os parceiros parlamentares e o governo que trouxe &acirc;nimo, esperan&ccedil;a e resultados ao pa&iacute;s&rdquo;.
Mas o antigo l&iacute;der socialista reconhece que nem tudo correu bem e d&aacute; alguns exemplos: pouco investimento nos servi&ccedil;os p&uacute;blicos, pouca habita&ccedil;&atilde;o constru&iacute;da e regulada e incapacidade de prever os efeitos das correntes migrat&oacute;rias.
A publica&ccedil;&atilde;o deste artigo, que pode ler online ou na edi&ccedil;&atilde;o impressa de hoje, coincide com os 10 anos da tomada de posse do Governo de Ant&oacute;nio Costa que ficou conhecido como &ldquo;<a href="https://www.publico.pt/2017/02/27/politica/noticia/a-geringonca-esta-na-moda-1763210" data-ogsc="" data-outlook-id="594cf2e7-a4c4-4911-ab2f-ae8623095fd5" data-linkindex="3">geringon&ccedil;a</a>&rdquo; e que contava com o apoio parlamentar do BE, PCP e os Verdes.
A palavra era usada &agrave; direita com sentido depreciativo e &agrave; esquerda com sentido oposto. Contrariamente a todos os progn&oacute;sticos, o XXI Governo Constitucional cumpriu uma legislatura de quatro anos, de 26 de Novembro de 2015 a 26 de Outubro de 2019. De resto, este foi o &uacute;ltimo Governo do pa&iacute;s a terminar uma legislatura. Esta f&oacute;rmula suscitou at&eacute; a curiosidade internacional.
O primeiro a usar a express&atilde;o para se referir a este governo foi o colunista Vasco Pulido Valente, <a href="https://www.publico.pt/2014/08/31/politica/noticia/a-geringonca-1668146" data-ogsc="" data-outlook-id="fdee850d-a77f-4d0f-b0f8-9544ffba345d" data-linkindex="4">&nbsp;num artigo no P&Uacute;BLICO&nbsp;</a>em final de Agosto de 2014.
<a href="https://www.publico.pt/autor/ana-sa-lopes" data-ogsc="" data-outlook-id="c2759ec7-4741-4c05-a288-9ef02892018b" data-linkindex="5">Ana S&aacute; Lopes</a>, jornalista da sec&ccedil;&atilde;o de Pol&iacute;tica do P&Uacute;BLICO, &eacute; a convidada deste epis&oacute;dio.

“Geringonça”: a “experiência extraordinária” faz dez anos

A 25 de Novembro de 1975, forças militares antagónicas defrontaram-se no terreno, com a vitória do chamado Grupo dos Nove, a ala moderada do Movimento das Forças Armadas, (MFA), cujo ideólogo era Melo Antunes, que ouvimos na abertura do episódio, e do qual também fazia parte Vasco Lourenço.

O presidente Costa Gomes, Ramalho Eanes e Jaime Neves são outros nomes associados a este evento, que consolida a democracia e põe termo ao Processo Revolucionário em Curso, o famoso PREC.

Como não se cansa de dizer o historiador Pacheco Pereira, o 25 de Abril não tem qualquer comparação com o 25 de Novembro. “O 25 de Abril foi uma data fundadora que acabou com 48 anos de ditadura, e com três guerras coloniais” e o “25 de Novembro foi uma data correctora, comparável à derrota do golpe de 11 de Março, que teve o mesmo papel”.

Meio século depois, os partidos políticos de direita querem uma equiparação total entre a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril e o cinquentenário do 25 de Novembro (até nos arranjos florais).

Hoje, a data será assinalada com uma parada militar, que o presidente da República classificou como um regresso ao passado, e uma sessão que dividirá a meio as bancadas parlamentares.

O convidado deste episódio, Filipe Garcia, jornalista da Lusa, que publicou recentemente a Breve História do 25 de Novembro, diz que esta é uma história que não se resume a um dia e que “tão pouco é simples de contar”. Mas é isso que Filipe Garcia vai fazer.

A 25 de Novembro de 1975, for&ccedil;as militares antag&oacute;nicas defrontaram-se no terreno, com a vit&oacute;ria do chamado Grupo dos Nove, a ala moderada do Movimento das For&ccedil;as Armadas, (MFA), cujo ide&oacute;logo era Melo Antunes, que ouvimos na abertura do epis&oacute;dio, e do qual tamb&eacute;m fazia parte Vasco Louren&ccedil;o.
O presidente Costa Gomes, Ramalho Eanes e Jaime Neves s&atilde;o outros nomes associados a este evento, que consolida a democracia e p&otilde;e termo ao Processo Revolucion&aacute;rio em Curso, o famoso PREC.
Como n&atilde;o se cansa de dizer o historiador Pacheco Pereira, o 25 de Abril n&atilde;o tem qualquer compara&ccedil;&atilde;o com o 25 de Novembro. &ldquo;O 25 de Abril foi uma data fundadora que acabou com 48 anos de ditadura, e com tr&ecirc;s guerras coloniais&rdquo; e o <a href="https://www.publico.pt/2023/10/07/opiniao/opiniao/25-novembro-rigor-historico-2065859" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="1" data-ogsc="">&ldquo;25 de Novembro foi uma data correctora</a>, compar&aacute;vel &agrave; derrota do golpe de 11 de Mar&ccedil;o, que teve o mesmo papel&rdquo;.
Meio s&eacute;culo depois, os partidos pol&iacute;ticos de direita querem uma equipara&ccedil;&atilde;o total entre a comemora&ccedil;&atilde;o dos 50 anos do 25 de Abril e o cinquenten&aacute;rio do 25 de Novembro (at&eacute; nos <a href="https://www.publico.pt/2025/11/16/politica/noticia/direita-quer-equiparar-25-novembro-25-abril-ate-arranjos-florais-2154570" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="2" data-ogsc="">arranjos florais</a>).
Hoje, a data ser&aacute; assinalada com uma <a href="https://www.publico.pt/2025/10/08/politica/noticia/direita-militares-frente-comissao-25-novembro-celebracoes-parada-militar-2150078" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="3" data-ogsc="">parada militar</a>, que o presidente da Rep&uacute;blica classificou como um <a href="https://www.publico.pt/2025/11/18/politica/noticia/marcelo-considera-parada-militar-25-novembro-regresso-passado-2155119" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="4" data-ogsc="">regresso ao passado</a>, e uma sess&atilde;o que dividir&aacute; a meio as bancadas parlamentares.
O convidado deste epis&oacute;dio, <a href="https://www.wook.pt/autor/filipe-garcia/2260803?srsltid=AfmBOooafZE2j4KeG1lg9fFvPfK_v_UmxYNMRROHjU0DyI1nS-VjshX3" data-auth="NotApplicable" data-linkindex="5" data-ogsc="">Filipe Garcia</a>, jornalista da Lusa, que publicou recentemente a Breve Hist&oacute;ria do 25 de Novembro, diz que esta &eacute; uma hist&oacute;ria que n&atilde;o se resume a um dia e que &ldquo;t&atilde;o pouco &eacute; simples de contar&rdquo;. Mas &eacute; isso que Filipe Garcia vai fazer.

O 25 de Novembro continua a ser a data que mais nos divide

o seu discurso inaugural da COP30, a cimeira das nações unidas para o clima que acabou este fim-de-semana em Belém do Pará, o presidente do Brasil, Lula da Silva, deixou no ar um apelo para que os delegados chegassem a grandes consensos para o futuro. O mais ousado de todos seria avançar com um roteiro, iniciado na COP do Dubai, em 2023, que apontasse para o fim do uso de combustíveis fósseis. Recorde-se que estes combustíveis são responsáveis por dois terços das emissões mundiais de dióxido de carbono para a atmosfera.

O desejo de Lula, porém, embateu de frente com o lobby dos países produtores de petróleo e não se cumpriu. Não foi o único fracasso. A vontade de inscrever o tema da desflorestação, a chaga que em meio século devastou mais de 20% da área da amazónia, a maior e mais importante floresta tropical do mundo, também ficou no papel. Num e noutro caso, a presidência brasileira da COP promete manter estes dois temas na discussão nos onze meses que ainda lhe restam.

Mas se estes grandes desígnios falharam, o mundo deu mais alguns passos para definir princípios para avaliar as metas de adaptação à crise climática ou para que os países ricos apoiem os mais frágeis numa transição justa para políticas mais sustentáveis – os gastos neste plano vão triplicar até 2035. Ou seja, deram-se passos, mas não os que a crise climática exige. Ainda assim, no final da COP, o seu presidente, André Correa do Lago”, dizia: “Ao sairmos de Belém, esse momento não deve ser lembrado como o fim de uma conferência, mas como o início de uma década de mudança".

Será caso para tanto? Como podemos avaliar a COP? Contamos para esse efeito com a presença da Aline Flor. A Aline é editora do Azul, o espaço do Público dedicado ao ambiente e à crise climática, e esteve estes dias em Belém a acompanhar a COP30.

o seu discurso inaugural da COP30, a cimeira das na&ccedil;&otilde;es unidas para o clima que acabou este fim-de-semana em Bel&eacute;m do Par&aacute;, o presidente do Brasil, Lula da Silva, deixou no ar um apelo para que os delegados chegassem a grandes consensos para o futuro. O mais ousado de todos seria avan&ccedil;ar com um roteiro, iniciado na COP do Dubai, em 2023, que apontasse para o fim do uso de combust&iacute;veis f&oacute;sseis. Recorde-se que estes combust&iacute;veis s&atilde;o respons&aacute;veis por dois ter&ccedil;os das emiss&otilde;es mundiais de di&oacute;xido de carbono para a atmosfera.
O desejo de Lula, por&eacute;m, embateu de frente com o lobby dos pa&iacute;ses produtores de petr&oacute;leo e n&atilde;o se cumpriu. N&atilde;o foi o &uacute;nico fracasso. A vontade de inscrever o tema da desfloresta&ccedil;&atilde;o, a chaga que em meio s&eacute;culo devastou mais de 20% da &aacute;rea da amaz&oacute;nia, a maior e mais importante floresta tropical do mundo, tamb&eacute;m ficou no papel. Num e noutro caso, a presid&ecirc;ncia brasileira da COP promete manter estes dois temas na discuss&atilde;o nos onze meses que ainda lhe restam.
Mas se estes grandes des&iacute;gnios falharam, o mundo deu mais alguns passos para definir princ&iacute;pios para avaliar as metas de adapta&ccedil;&atilde;o &agrave; crise clim&aacute;tica ou para que os pa&iacute;ses ricos apoiem os mais fr&aacute;geis numa transi&ccedil;&atilde;o justa para pol&iacute;ticas mais sustent&aacute;veis &ndash; os gastos neste plano v&atilde;o triplicar at&eacute; 2035. Ou seja, deram-se passos, mas n&atilde;o os que a crise clim&aacute;tica exige. Ainda assim, no final da COP, o seu presidente, Andr&eacute; Correa do Lago&rdquo;, dizia: &ldquo;Ao sairmos de Bel&eacute;m, esse momento n&atilde;o deve ser lembrado como o fim de uma confer&ecirc;ncia, mas como o in&iacute;cio de uma d&eacute;cada de mudan&ccedil;a".
Ser&aacute; caso para tanto? Como podemos avaliar a COP? Contamos para esse efeito com a presen&ccedil;a da Aline Flor. A Aline &eacute; editora do Azul, o espa&ccedil;o do P&uacute;blico dedicado ao ambiente e &agrave; crise clim&aacute;tica, e esteve estes dias em Bel&eacute;m a acompanhar a COP30.

Acabou a COP de Belém, onde o mundo continuou a arrastar os pés perante as ameaças da crise do clima

Miguel Matos, deputado do Partido Socialista, voltou a despejar um balde de água fria sobre qualquer possibilidade de haver incertezas na aprovação do Orçamento do Estado para 2026. O orçamento, disse, é mau, mas o PS compromete-se a abster-se na votação final global e a rejeitar qualquer proposta dos partidos da oposição que altere as suas contas essenciais. Ou seja, as propostas que possam alterar o saldo positivo de 0,1% do PIB inscrito no documento apresentado pelo Governo têm o chumbo garantido.

O que é que isto significa para a vida dos portugueses? Duas coisas: como já se sabia e agora se confirma, este será um orçamento sem estados de alma. Vai ser aprovado sem qualquer espectro de crise política no horizonte. E vai ser aprovado nos termos e condições que o Governo expos logo no momento da sua apresentação à Assembleia. O debate na especialidade que ontem se iniciou parece por isso ter-se transformado numa mera formalidade sem consequências.

E vai ser assim apesar de os partidos se terem empenhado em apresentar propostas de alteração. Ao todo, são mais de 2000. Algumas que parecem apenas pretender mostrar serviço dos partidos, outras de alcance real, como o fim de mais portagens ou o aumento de pensões a partir de Janeiro. Mas, com o PS a recusar viabilizar propostas do Chega e a defender a preservação do excedente orçamental para não dar álibis ao Governo, tudo parece apontar para que o debate na especialidade que se iniciou esta quinta-feira seja um passeio no parque para o Governo.

Para percebermos se havia ou não margem para se aprovarem propostas com impacte nas contas do orçamento e tentar entender melhor a estratégia orçamental do Governo, convidámos para este episódio o jornalista Sérgio Aníbal, da secção de Economia do Público. O Sérgio é um jornalista especializado na área da macroeconomia.

Miguel Matos, deputado do Partido Socialista, voltou a despejar um balde de &aacute;gua fria sobre qualquer possibilidade de haver incertezas na aprova&ccedil;&atilde;o do Or&ccedil;amento do Estado para 2026. O or&ccedil;amento, disse, &eacute; mau, mas o PS compromete-se a abster-se na vota&ccedil;&atilde;o final global e a rejeitar qualquer proposta dos partidos da oposi&ccedil;&atilde;o que altere as suas contas essenciais. Ou seja, as propostas que possam alterar o saldo positivo de 0,1% do PIB inscrito no documento apresentado pelo Governo t&ecirc;m o chumbo garantido.
O que &eacute; que isto significa para a vida dos portugueses? Duas coisas: como j&aacute; se sabia e agora se confirma, este ser&aacute; um or&ccedil;amento sem estados de alma. Vai ser aprovado sem qualquer espectro de crise pol&iacute;tica no horizonte. E vai ser aprovado nos termos e condi&ccedil;&otilde;es que o Governo expos logo no momento da sua apresenta&ccedil;&atilde;o &agrave; Assembleia. O debate na especialidade que ontem se iniciou parece por isso ter-se transformado numa mera formalidade sem consequ&ecirc;ncias.
E vai ser assim apesar de os partidos se terem empenhado em apresentar propostas de altera&ccedil;&atilde;o. Ao todo, s&atilde;o mais de 2000. Algumas que parecem apenas pretender mostrar servi&ccedil;o dos partidos, outras de alcance real, como o fim de mais portagens ou o aumento de pens&otilde;es a partir de Janeiro. Mas, com o PS a recusar viabilizar propostas do Chega e a defender a preserva&ccedil;&atilde;o do excedente or&ccedil;amental para n&atilde;o dar &aacute;libis ao Governo, tudo parece apontar para que o debate na especialidade que se iniciou esta quinta-feira seja um passeio no parque para o Governo.
Para percebermos se havia ou n&atilde;o margem para se aprovarem propostas com impacte nas contas do or&ccedil;amento e tentar entender melhor a estrat&eacute;gia or&ccedil;amental do Governo, convid&aacute;mos para este epis&oacute;dio o jornalista S&eacute;rgio An&iacute;bal, da sec&ccedil;&atilde;o de Economia do P&uacute;blico. O S&eacute;rgio &eacute; um jornalista especializado na &aacute;rea da macroeconomia.

O debate na especialidade do orçamento começa quase sem margem para se debater

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Antes de tudo: P24. O dia começa aqui com as notícias que marcam a actualidade, bem explicadas e analisadas. De segunda a sexta, às 7h.

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