O Natal, um marco de encontros e celebrações, adquire novos contornos para os brasileiros que residem em Portugal. Em uma conversa descontraída, no podcast do PÚBLICO Brasil, a futurista Beia Carvalho e fotógrafa e designer gráfica Pat Cividanes compartilham experiências natalinas, destacando as adaptações culturais e gastronômicas que acompanham a data.
Beia relembra seu primeiro Natal em terras lusitanas: “Foi com amigos, uma mudança significativa em relação ao Brasil, onde as festas eram predominantemente familiares”. Economizar nos presentes, algo que no Brasil envolvia listas intermináveis, deu lugar a investimentos em vinhos portugueses e na culinária local, transformando o bolso em aliado das celebrações.
A gastronomia também se destaca como ponto de adaptação e saudade. Tem quem lamente a ausência de tradições brasileiras como o tender, mas o acesso ao bacalhau de qualidade superior em Portugal é celebrado. Pat ressalta: “O salpicão dá para reproduzir, mas o tender é insubstituível”.
Entre as iguarias portuguesas que conquistaram o paladar dos brasileiros, a rabanada ganhou novas dimensões, como as versões recheadas de doce de ovos. Além disso, sobremesas típicas, como o almadão, encantam, reforçando a fusão entre as tradições dos dois países.
A decoração natalina em Portugal, com luzes e ambientes que remetem ao imaginário de um Natal europeu, é elogiada por Pat: “O clima frio faz mais sentido com o que aprendemos nas histórias e nos filmes”.
Mais do que presentes ou refeições elaboradas, o Natal é descrito como uma oportunidade de criar novos laços e fortalecer amizades. A pandemia e a mudança para Portugal trouxeram reflexões sobre quem priorizar nas celebrações. “O Natal transcende a tradição familiar, é uma desculpa perfeita para reunir pessoas e celebrar o afeto”, afirma Beia.
Contudo, os desafios da polarização política e as mudanças nas dinâmicas familiares não são ignorados. “O Natal deveria ser um momento de reconciliação, mas muitas vezes evidencia os rachas nas famílias”, observa Pat. Apesar disso, a mensagem é clara: o espírito natalino continua sendo um convite ao encontro e à celebração da vida, em qualquer parte do mundo.