Em 2002, Augusta Duarte Martinho deixou de ser vista pela vizinhança do prédio da Rinchoa, concelho de Sintra, onde habitava. Desapareceu, apenas, e ninguém soube ou quis saber o que lhe tinha acontecido. Os seus restos mortais seriam descobertos nove anos depois na cozinha da sua casa. Não foram familiares, vizinhos ou os serviços da segurança social que a encontraram. Foi o fisco, mandado a sua casa para executar uma penhora por dívidas vencidas.

Esta semana, foi conhecida em Lisboa mais uma história lúgubre que revela a condição de solidão e abandono de tantos portugueses idosos e frágeis nas grandes cidades. Uma mulher de 92 anos e o seu filho de 63 foram descobertos sem vida pelas autoridades dentro da casa que habitavam. Supõe-se que primeiro morreu o filho; depois, a mãe, acamada por doença e incapaz de se locomover. Desta vez, o alerta foi dado pelos vizinhos, que estranharam o desaparecimento do homem e ficaram alarmados com o cheiro dos cadáveres em avançado estado de decomposição.

A revelação, chocante, confronta-nos pelo menos com três ordens de problemas: as condições desumanas em que vive uma parte dos nossos cidadãos mais idosos; as falhas de acompanhamento dos serviços públicos; e a dissolução das redes comunitárias das grandes cidades. Sem família próxima, sem amigos, sem vizinhos, muitos idosos ficam entregues a si próprios. A história desta semana em Lisboa é a prova desse abandono e dessa solidão.

Casos como estes exigem reflexão e medidas. Não apenas da parte dos poderes públicos, também da própria sociedade.

Para nos ajudar a perceber o que está em causa convidámos Fernando Bessa Ribeiro, Doutorado em Ciências Sociais, Professor Associado com Agregação do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e investigador integrado do CICS.Nova, um centro interdisciplinar dedicado à área da saúde.

Em 2002, Augusta Duarte Martinho deixou de ser vista pela vizinhan&ccedil;a do pr&eacute;dio da Rinchoa, concelho de Sintra, onde habitava. Desapareceu, apenas, e ningu&eacute;m soube ou quis saber o que lhe tinha acontecido. Os seus restos mortais seriam descobertos nove anos depois na cozinha da sua casa. N&atilde;o foram familiares, vizinhos ou os servi&ccedil;os da seguran&ccedil;a social que a encontraram. Foi o fisco, mandado a sua casa para executar uma penhora por d&iacute;vidas vencidas.
Esta semana, foi conhecida em Lisboa mais uma hist&oacute;ria l&uacute;gubre que revela a condi&ccedil;&atilde;o de solid&atilde;o e abandono de tantos portugueses idosos e fr&aacute;geis nas grandes cidades. Uma mulher de 92 anos e o seu filho de 63 foram descobertos sem vida pelas autoridades dentro da casa que habitavam. Sup&otilde;e-se que primeiro morreu o filho; depois, a m&atilde;e, acamada por doen&ccedil;a e incapaz de se locomover. Desta vez, o alerta foi dado pelos vizinhos, que estranharam o desaparecimento do homem e ficaram alarmados com o cheiro dos cad&aacute;veres em avan&ccedil;ado estado de decomposi&ccedil;&atilde;o.
A revela&ccedil;&atilde;o, chocante, confronta-nos pelo menos com tr&ecirc;s ordens de problemas: as condi&ccedil;&otilde;es desumanas em que vive uma parte dos nossos cidad&atilde;os mais idosos; as falhas de acompanhamento dos servi&ccedil;os p&uacute;blicos; e a dissolu&ccedil;&atilde;o das redes comunit&aacute;rias das grandes cidades. Sem fam&iacute;lia pr&oacute;xima, sem amigos, sem vizinhos, muitos idosos ficam entregues a si pr&oacute;prios. A hist&oacute;ria desta semana em Lisboa &eacute; a prova desse abandono e dessa solid&atilde;o.
Casos como estes exigem reflex&atilde;o e medidas. N&atilde;o apenas da parte dos poderes p&uacute;blicos, tamb&eacute;m da pr&oacute;pria sociedade.
Para nos ajudar a perceber o que est&aacute; em causa convid&aacute;mos Fernando Bessa Ribeiro,&nbsp;Doutorado em Ci&ecirc;ncias Sociais, Professor Associado com Agrega&ccedil;&atilde;o do Departamento de Sociologia do Instituto de Ci&ecirc;ncias Sociais da Universidade do Minho e investigador integrado do CICS.Nova, um centro interdisciplinar dedicado &agrave; &aacute;rea da sa&uacute;de.

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Antes de tudo: P24. O dia começa aqui com as notícias que marcam a actualidade, bem explicadas e analisadas. De segunda a sexta, às 7h.

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