Estava escrito nas estrelas: a abertura do novo ano lectivo, que hoje acontece em boa parte das escolas do país, teria de ser marcada pela discussão sobre a falta de professores. Na declaração que acabámos de ouvir ao ministro Fernando Alexandre, numa entrevista à Antena 1 com a jornalista Natália Carvalho, comprovam-se duas coisas: que haverá pelo menos uns mil horários completos por preencher; mas, diz o ministro, há uma reserva de 20 mil docentes sem colocação a Norte do Douro que podem mitigar ou resolver o problema. Desde que aceitem deslocar-se para longe das suas residências e trabalhar com horários incompletos. 

A falta de professores, antiga, estrutural e que vai demorar anos a solucionar, é talvez o lado mais visível de uma série de desafios que colocam a vitalidade da escola pública em questão. O sistema, nas mãos uma classe profissional envelhecida, em muitos casos descrente e desiludida com as condições de trabalho que enfrenta, continua a sofrer o abalo das greves, o desgaste da burocracia ou a pressão de alunos filhos de imigrantes que lhe exige esforço redobrado. Parte das reivindicações salariais foram atendidas, os concursos de colocação não causam a mesma perturbação e ruído, mas casos de indisciplina de alunos ou de ameaças de pais aos docentes contribuem para que a percepção sobre o estado da escola se agrave. 

Nas últimas décadas, a escola foi um dos maiores trunfos para a transformação e modernização de Portugal. Mas há muito por fazer. As heranças do passado não foram totalmente ultrapassadas – ainda estes dias um relatório da OCDE dava conta que 38% da população com mais de 24 anos não passou para lá do 9º ano, um indicador muito abaixo dos padrões europeus. A discussão entre os que defendem uma escola baseada nas aprendizagens puras e duras e os que apostam no desenvolvimento integral continua, e ainda bem. No meio de tudo isto, há centenas de milhares de jovens e pais que torcem os dedos para que a escola funcione sem turbulência. Estarão este ano reunidas as condições para esse objectivo? 

Neste P24 ouvimos a jornalista do PÚBLICO Cristiana Faria Moreira.

Estava escrito nas estrelas: a abertura do novo ano lectivo, que hoje acontece em boa parte das escolas do pa&iacute;s, teria de ser marcada pela discuss&atilde;o sobre a falta de professores. Na declara&ccedil;&atilde;o que acab&aacute;mos de ouvir ao ministro Fernando Alexandre, numa entrevista &agrave; Antena 1 com a jornalista Nat&aacute;lia Carvalho, comprovam-se duas coisas: que haver&aacute; pelo menos uns mil hor&aacute;rios completos por preencher; mas, diz o ministro, h&aacute; uma reserva de 20 mil docentes sem coloca&ccedil;&atilde;o a Norte do Douro que podem mitigar ou resolver o problema. Desde que aceitem deslocar-se para longe das suas resid&ecirc;ncias e trabalhar com hor&aacute;rios incompletos.&nbsp;
A falta de professores, antiga, estrutural e que vai demorar anos a solucionar, &eacute; talvez o lado mais vis&iacute;vel de uma s&eacute;rie de desafios que colocam a vitalidade da escola p&uacute;blica em quest&atilde;o. O sistema, nas m&atilde;os uma classe profissional envelhecida, em muitos casos descrente e desiludida com as condi&ccedil;&otilde;es de trabalho que enfrenta, continua a sofrer o abalo das greves, o desgaste da burocracia ou a press&atilde;o de alunos filhos de imigrantes que lhe exige esfor&ccedil;o redobrado. Parte das reivindica&ccedil;&otilde;es salariais foram atendidas, os concursos de coloca&ccedil;&atilde;o n&atilde;o causam a mesma perturba&ccedil;&atilde;o e ru&iacute;do, mas casos de indisciplina de alunos ou de amea&ccedil;as de pais aos docentes contribuem para que a percep&ccedil;&atilde;o sobre o estado da escola se agrave.&nbsp;
Nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas, a escola foi um dos maiores trunfos para a transforma&ccedil;&atilde;o e moderniza&ccedil;&atilde;o de Portugal. Mas h&aacute; muito por fazer. As heran&ccedil;as do passado n&atilde;o foram totalmente ultrapassadas &ndash; ainda estes dias um relat&oacute;rio da OCDE dava conta que 38% da popula&ccedil;&atilde;o com mais de 24 anos n&atilde;o passou para l&aacute; do 9&ordm; ano, um indicador muito abaixo dos padr&otilde;es europeus. A discuss&atilde;o entre os que defendem uma escola baseada nas aprendizagens puras e duras e os que apostam no desenvolvimento integral continua, e ainda bem. No meio de tudo isto, h&aacute; centenas de milhares de jovens e pais que torcem os dedos para que a escola funcione sem turbul&ecirc;ncia. Estar&atilde;o este ano reunidas as condi&ccedil;&otilde;es para esse objectivo?&nbsp;
Neste P24 ouvimos a jornalista do P&Uacute;BLICO Cristiana Faria Moreira.

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