No dia 15 de Dezembro do ano 2000, ainda em plena pandemia da Covid, o presidente da assembleia da República de então, Eduardo Ferro Rodrigues, dava posse à Comissão Eventual de Inquérito às perdas do Novo Banco. O que se sabia na altura justificava a chamada ao Parlamento de todos os responsáveis do negócio da venda do banco à Lone Star e todos os seus administradores. Importava esclarecer um mistério: de que forma estavam a ser vendidos os activos, como prédios, terrenos etc. do Novo Banco? No PÚBLICO, as investigações da jornalista Cristina Ferreira mostravam um cenário assustador: a Lone Star vendia imóveis do Novo Banco a uma sociedade que controlava a preços muito baixos; em vários casos, vendia activos por valores incompreensíveis a parceiros estratégicos.

Foi-se avolumando a suspeita: como sugeria uma escuta telefónica entre um ex-administrador e o braço direito do CEO do banco na altura, António Ramalho, estava em causa uma tentativa de saque ao Fundo de Resolução. Nada mais nada menos que uma verba de 3,900 milhões de euros garantida pelo Estado para acautelar eventuais perdas na venda dos activos do velho Banco espírito santo. A Comissão Parlamentar de Inquérito concluiria que esta garantia não passou de um convite aos novos donos do Banco para vender ao desbarato. Entre o esforço de rentabilizar os activos para chegar aos lucros e a facilidade em pedir ao Fundo de Resolução para pagar a factura, a escolha foi sempre fácil para os homens do Lone Star.

Finalmente, este ano, o fundo norte-americano chegou à conclusão que o file mignon do Novo banco estava suficientemente apaladado para vender. Os 75% do capital instituição que comprara por mil milhões, acabaram por ser vendidos aos franceses da BPCE por 4,800 milhões – o negócio envolveu 6400 milhões de euros, mas 25% deste valor foi para o Estado. Se a este valor juntarmos mais mil milhões de lucros dos anos recentes, o negócio foi majestoso para o fundo abutre: em cerca de oito anos, a Lone Star multiplicou por seis o valor do investimento. Tanto dinheiro que, noticiou esta segunda-feira o Público, até dá para distribuir 1100 milhões de euros pelos envolvidos na operação. António Ramalho deverá ser compensado com um cheque entre os sete e os dez milhões de euros.

É verdade que, em 2016, quando o governo de António Costa assinou a venda do Novo Banco, ninguém poderia ter a certeza de um final assim tão feliz para a Lone Star e os seus homens. Podia ainda assim ser ao contrário. Mas, a velha questão do negócio continua a pairar no ar: a história do cadáver do BES custou ao país mais de 10 mil milhões de euros e permitiu ao um fundo ganhar metade desse valor em menos de dez anos.

Para nos falar do que aconteceu, temos connosco o Pedro Ferreira Esteves que, na sua qualidade de editor de Economia do PÚBLICO, acompanha este tema desde os seus primórdios.

No dia 15 de Dezembro do ano 2000, ainda em plena pandemia da Covid, o presidente da assembleia da Rep&uacute;blica de ent&atilde;o, Eduardo Ferro Rodrigues, dava posse &agrave; Comiss&atilde;o Eventual de Inqu&eacute;rito &agrave;s perdas do Novo Banco. O que se sabia na altura justificava a chamada ao Parlamento de todos os respons&aacute;veis do neg&oacute;cio da venda do banco&nbsp;&agrave; Lone&nbsp;Star&nbsp;e todos os seus administradores. Importava esclarecer um mist&eacute;rio: de que forma estavam a ser vendidos os activos, como pr&eacute;dios, terrenos etc. do Novo Banco? No P&Uacute;BLICO, as investiga&ccedil;&otilde;es da jornalista Cristina Ferreira mostravam um cen&aacute;rio assustador: a Lone&nbsp;Star&nbsp;vendia im&oacute;veis do Novo Banco a uma sociedade que controlava a pre&ccedil;os muito baixos; em v&aacute;rios casos, vendia activos por valores incompreens&iacute;veis a parceiros estrat&eacute;gicos.
Foi-se avolumando a suspeita: como sugeria uma escuta telef&oacute;nica entre um ex-administrador e o bra&ccedil;o direito do CEO do banco na altura, Ant&oacute;nio Ramalho, estava em&nbsp;causa&nbsp;uma tentativa de saque ao Fundo de Resolu&ccedil;&atilde;o. Nada mais nada menos que uma verba de&nbsp;3,900 milh&otilde;es de euros garantida&nbsp;pelo Estado para acautelar eventuais perdas na venda dos activos do velho Banco esp&iacute;rito santo. A Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito concluiria que esta garantia n&atilde;o passou de um convite aos novos donos do Banco para vender ao desbarato. Entre o esfor&ccedil;o de rentabilizar os activos para chegar aos lucros e a facilidade em pedir ao Fundo de Resolu&ccedil;&atilde;o para pagar a factura, a escolha foi sempre f&aacute;cil para os homens do Lone&nbsp;Star.
Finalmente, este ano, o fundo norte-americano chegou &agrave; conclus&atilde;o que o&nbsp;file&nbsp;mignon&nbsp;do Novo banco estava suficientemente apaladado para vender. Os 75% do capital institui&ccedil;&atilde;o que comprara por mil milh&otilde;es, acabaram por ser vendidos aos franceses da&nbsp;BPCE&nbsp;por 4,800 milh&otilde;es &ndash; o neg&oacute;cio envolveu 6400 milh&otilde;es de euros, mas 25% deste valor foi para o Estado. Se a este valor juntarmos mais mil milh&otilde;es de lucros dos anos recentes, o neg&oacute;cio foi majestoso para o fundo abutre: em cerca de oito anos, a Lone&nbsp;Star&nbsp;multiplicou por seis o valor do investimento. Tanto dinheiro que, noticiou esta&nbsp;segunda-feira&nbsp;o P&uacute;blico, at&eacute; d&aacute; para distribuir 1100 milh&otilde;es de euros pelos envolvidos na opera&ccedil;&atilde;o. Ant&oacute;nio Ramalho dever&aacute; ser compensado com um cheque entre os sete e os dez milh&otilde;es de euros.
&Eacute; verdade que, em 2016, quando o governo de Ant&oacute;nio Costa assinou a venda do Novo Banco, ningu&eacute;m poderia ter a certeza de um final assim t&atilde;o feliz para a Lone&nbsp;Star&nbsp;e os seus homens. Podia ainda assim ser ao contr&aacute;rio. Mas, a velha quest&atilde;o do neg&oacute;cio continua a pairar no ar: a hist&oacute;ria do cad&aacute;ver do BES custou ao pa&iacute;s mais de 10 mil milh&otilde;es de euros e permitiu ao um fundo ganhar metade desse valor em menos de dez anos.
Para nos falar do que aconteceu, temos connosco o Pedro Ferreira Esteves que, na sua qualidade de editor de Economia do P&Uacute;BLICO, acompanha este tema desde os seus prim&oacute;rdios.

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