De microfone na mão, aos pés da escadaria da Assembleia da República, Vânia Andrade projetou a voz em defesa dos direitos das trabalhadoras da limpeza. O repto, lançado a 25 de fevereiro de 2023, marcou a primeira manifestação do movimento Vida Justa, e colocou no centro das atenções reivindicações habitualmente classificadas de periféricas.

“Já me disseram: tu foste das primeiras mulheres a assumir, com a idade que tens, que trabalhavas nas limpezas”, conta Vânia, neste episódio de O Tal Podcast.

Mais de dois anos depois dessa intervenção diante do Parlamento, a poetisa e performer sublinha a importância dos modelos de referência para a definição das nossas escolhas.

“Acredito muito que tudo o que vamos fazer tem muito a ver com quem está à nossa volta. Há propósitos que seguimos quando somos impulsionados”.

Da mesma forma que hoje outras mulheres olham para ela como uma inspiração, Vânia encontra sustentação nas suas raízes femininas.

“As mulheres que me criaram dizem-me que sou inteligente, em silêncio, e isso é maravilhoso. São as que mais acreditam em mim”.

Nascida em Portugal, com ascendência cabo-verdiana, ‘Puma’, como também é conhecida, expande a força construída no seio familiar a teias de transformação coletiva, onde se inclui o grupo “Mulheres Negras Escurecidas”.

“Surge muito da minha vontade de estar e partilhar coisas com outras mulheres”, explica a ativista antirracista, destacando a necessidade de se proteger de espaços de opressão.

“Tenho feito questão de estar em lugares onde sou acolhida, onde não sou vista como agressiva, como aquela que fala muito alto, que não quer ter amigos, que é muito antipática”.

O autocuidado estende-se à intervenção no espaço público, que, cada vez mais, Vânia procura harmonizar com o descanso. “Aprendi a não me sentir mal quando não posso estar”.

A busca de equilíbrio ganha novas urgências com a proximidade dos 40 anos. “Há um medo que aparece. Há várias coisas que ainda não estão feitas, que tens que fazer, e outras que não querias ter feito. Então, é um trajeto que começa a trazer algumas dúvidas e medos que, por vezes, começam a ser mais salientes. Tenho sentido isso”.

Mais do que refletir sobre direções de vida, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, que pode escutar aqui, Vânia Andrade pondera o efeito das escolhas que fazemos, nomeadamente alimentares.

“Ser vegana trouxe-me muitas coisas. É um descanso. Sinto que o meu corpo está menos propício a ficar doente, que estou mais calma desde que deixei de comer carne”.

De microfone na m&atilde;o, aos p&eacute;s da escadaria da Assembleia da Rep&uacute;blica, V&acirc;nia Andrade projetou a voz em defesa dos direitos das trabalhadoras da limpeza. O repto, lan&ccedil;ado a 25 de fevereiro de 2023, marcou a primeira manifesta&ccedil;&atilde;o do movimento Vida Justa, e colocou no centro das aten&ccedil;&otilde;es reivindica&ccedil;&otilde;es habitualmente classificadas de perif&eacute;ricas.
&ldquo;J&aacute; me disseram: tu foste das primeiras mulheres a assumir, com a idade que tens, que trabalhavas nas limpezas&rdquo;, conta V&acirc;nia, neste epis&oacute;dio de O Tal Podcast.
Mais de dois anos depois dessa interven&ccedil;&atilde;o diante do Parlamento, a poetisa e performer sublinha a import&acirc;ncia dos modelos de refer&ecirc;ncia para a defini&ccedil;&atilde;o das nossas escolhas.
&ldquo;Acredito muito que tudo o que vamos fazer tem muito a ver com quem est&aacute; &agrave; nossa volta. H&aacute; prop&oacute;sitos que seguimos quando somos impulsionados&rdquo;.
Da mesma forma que hoje outras mulheres olham para ela como uma inspira&ccedil;&atilde;o, V&acirc;nia encontra sustenta&ccedil;&atilde;o nas suas ra&iacute;zes femininas.
&ldquo;As mulheres que me criaram dizem-me que sou inteligente, em sil&ecirc;ncio, e isso &eacute; maravilhoso. S&atilde;o as que mais acreditam em mim&rdquo;.
Nascida em Portugal, com ascend&ecirc;ncia cabo-verdiana, &lsquo;Puma&rsquo;, como tamb&eacute;m &eacute; conhecida, expande a for&ccedil;a constru&iacute;da no seio familiar a teias de transforma&ccedil;&atilde;o coletiva, onde se inclui o grupo &ldquo;Mulheres Negras Escurecidas&rdquo;.
&ldquo;Surge muito da minha vontade de estar e partilhar coisas com outras mulheres&rdquo;, explica a ativista antirracista, destacando a necessidade de se proteger de espa&ccedil;os de opress&atilde;o.
&ldquo;Tenho feito quest&atilde;o de estar em lugares onde sou acolhida, onde n&atilde;o sou vista como agressiva, como aquela que fala muito alto, que n&atilde;o quer ter amigos, que &eacute; muito antip&aacute;tica&rdquo;.
O autocuidado estende-se &agrave; interven&ccedil;&atilde;o no espa&ccedil;o p&uacute;blico, que, cada vez mais, V&acirc;nia procura harmonizar com o descanso. &ldquo;Aprendi a n&atilde;o me sentir mal quando n&atilde;o posso estar&rdquo;.
A busca de equil&iacute;brio ganha novas urg&ecirc;ncias com a proximidade dos 40 anos. &ldquo;H&aacute; um medo que aparece. H&aacute; v&aacute;rias coisas que ainda n&atilde;o est&atilde;o feitas, que tens que fazer, e outras que n&atilde;o querias ter feito. Ent&atilde;o, &eacute; um trajeto que come&ccedil;a a trazer algumas d&uacute;vidas e medos que, por vezes, come&ccedil;am a ser mais salientes. Tenho sentido isso&rdquo;.
Mais do que refletir sobre dire&ccedil;&otilde;es de vida, nesta conversa com Georgina Ang&eacute;lica e Paula Cardoso, que pode escutar aqui, V&acirc;nia Andrade pondera o efeito das escolhas que fazemos, nomeadamente alimentares.
&ldquo;Ser vegana trouxe-me muitas coisas. &Eacute; um descanso. Sinto que o meu corpo est&aacute; menos prop&iacute;cio a ficar doente, que estou mais calma desde que deixei de comer carne&rdquo;.

Um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização. Para percorrer sem guião, com autoria de Georgina Angélica e Paula Cardoso.

Um espa&ccedil;o onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experi&ecirc;ncias de prova&ccedil;&atilde;o e hist&oacute;rias de humaniza&ccedil;&atilde;o. Para percorrer sem gui&atilde;o, com autoria de Georgina Ang&eacute;lica e Paula Cardoso.

Georgina Angélica e Paula Cardoso conversam sem guião com convidados especiais

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