Seduzidos pela facilidade de acesso, pela variedade de sabores e pelo apelo nas redes sociais, milhares de jovens estão experimentando esse tipo de cigarro, que é proibido pela Anvisa desde 2009 – pesquisas mostram que cerca de 17% de adolescentes entre 13 e 17 anos já o tenham feito; e que entre jovens de 18 a 24 anos, pelo menos um em cada quatro já faz uso recorrente. E conforme cresce a base de usuários dos vapes, cresce também a lista de vítimas de seus efeitos. O impacto de uma tragada no dispositivo pode ser 20 vezes mais nocivo do que os cigarros tradicionais: estudos identificam mais de 120 substâncias diluídas no líquido que se torna vapor, algumas delas cancerígenas, além de resíduos de metais, como cromo, ferro, chumbo e zinco. Para explicar os riscos do cigarro eletrônico e por que ele está se tornando tão popular, Natuza Nery recebe a médica sanitarista Vera Luiza da Costa e Silva. Ela é responsável pela secretaria do Tratado do Tabaco no Brasil, sediada no Instituto Nacional de Câncer (Inca), e foi diretora do Departamento de Controle do Tabagismo da OMS, entre 2001 e 2005, e chefe do Secretariado da organização, entre 2014 e 2020.