Nesta segunda-feira (29), Lula (PT) recebeu o chefe de Estado venezuelano no Palácio do Planalto antes da cúpula dos países da América do Sul. A efusiva recepção do presidente brasileiro culminou em uma coletiva de imprensa na qual teceu elogios a Nicolás Maduro e defendeu a suposta democracia da Venezuela - país que já foi denunciado pela ONU por violação dos direitos humanos. Para explicar o que Lula busca na aproximação com a Venezuela, Natuza Nery conversa com o analista político Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais na FGV-SP. Neste episódio:
- Oliver elogia a “decisão pragmática” de reestabelecer relações com o país vizinho, com o qual o Brasil divide uma fronteira de 2.200 mil km, mas pondera: “Lula foi bastante longe com os comentários simpáticos a Maduro, e ganha muito pouco com isso”;
- Ele afirma que a relação com a Venezuela é inevitável, mesmo que, hoje, “o país não seja uma democracia”. No entanto, os elogios de Lula ao regime promovem a “polarização” e causam “a festa dos grupos bolsonaristas”;
- O analista político comenta a situação econômica da Venezuela, ultra dependente dos recursos provenientes da venda de petróleo: “um colapso” que se soma a uma inflação alta e a um quadro de “erosão democrática”. “É um Estado falido”, resume;
- Oliver explica que a cúpula entre os líderes sul-americanos tem como objetivo “reiniciar o diálogo” na região, depois de anos de ausência brasileira. O desafio, aponta, é “avançar nas questões técnicas” em detrimento das diferenças ideológicas. “Lula mantém a capacidade de manter laços com líderes de esquerda e direita”, afirma.