João Paulo Borges Coelho tem novo livro, mais um voo rasante sobre a história de Moçambique, tendo como protagonista um moçambicano que sabia ler e escrever num tempo em que muitos dos brancos que iam da metrópole eram analfabetos. José Fernandes Jr., o personagem central de Narração Nocturna, editado pela Caminho, é encarregado pelos denominados Chefes Grandes de escrever a história da Chiúta, distrito na província de Tete.

Sendo “Moçambique um país, como no resto de África, em que se nasce muito e se morre muito e muito cedo, a memória social ou colectiva é muito frágil”, o escritor moçambicano insiste em “remar contra a maré”, mas confessa que se “antes acreditava que a verdade acaba sempre por vir ao de cima: hoje já não acredito nisso”.

E embora esteja em paz com a ideia de que “a evolução é uma espécie de entropia, perdem-se coisas para se ganhar novas coisas”, a ele cabe-lhe “esta luta” de “levantar coisas” que lhe parecem importantes e que acha “importante que sejam relembradas”.

Antes da entrevista, na primeira parte, António Rodrigues e Elísio Macamo voltam ao tema da Guiné-Bissau, depois de na semana passada o Supremo Tribunal ter dado mais um golpe na estrutura carcomida da democracia, atacada por todos os lados pelos caprichos do Presidente Umaro Sissoco Embaló, cujo mandato terminou a 27 de Fevereiro, mas que se mantém no poder por sua livre e espontânea vontade.

Desta vez, a maioria dos juízes recusou apreciar a candidatura da coligação PAI-Terra Ranka, que ganhou com maioria as eleições de Junho de 2023, porque a mesma teria sido entregue fora de prazo, apesar de na justificação o tribunal referir que o prazo acabava a 25 de Setembro e a candidatura entrara no dia 19.

Também conversam sobre o anúncio da próxima cimeira África-França, que se realizará em Maio de 2026, pela primeira vez num país cuja língua oficial não é o francês. A cimeira tem por título Africa Forward, porque não só aponta para o futuro como está em inglês. Apesar de os franceses continuarem a olhar para si como herdeiros de um império que deixou a sua língua como língua oficial de cerca de 30 países, há muito que o francês deixou de ser língua franca, substituído pelo inglês. E até Paris o reconhece.

Jo&atilde;o Paulo Borges Coelho tem novo livro, mais um voo rasante sobre a hist&oacute;ria de Mo&ccedil;ambique, tendo como protagonista um mo&ccedil;ambicano que sabia ler e escrever num tempo em que muitos dos brancos que iam da metr&oacute;pole eram analfabetos. Jos&eacute; Fernandes Jr., o personagem central de&nbsp;Narra&ccedil;&atilde;o Nocturna,&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/09/18/culturaipsilon/noticia/novos-romances-afonso-reis-cabral-bernardo-carvalho-joao-paulo-borges-coelho-2146718" data-cke-saved-href="https://www.publico.pt/2025/09/18/culturaipsilon/noticia/novos-romances-afonso-reis-cabral-bernardo-carvalho-joao-paulo-borges-coelho-2146718">editado</a>&nbsp;pela Caminho, &eacute; encarregado pelos denominados Chefes Grandes de escrever a hist&oacute;ria da&nbsp;Chi&uacute;ta, distrito na prov&iacute;ncia de&nbsp;Tete.
Sendo &ldquo;Mo&ccedil;ambique um pa&iacute;s, como no resto de &Aacute;frica, em que se nasce muito e se morre muito e muito cedo, a mem&oacute;ria social ou colectiva &eacute; muito fr&aacute;gil&rdquo;, o escritor mo&ccedil;ambicano insiste em &ldquo;remar contra a mar&eacute;&rdquo;, mas confessa que se &ldquo;antes acreditava que a verdade acaba sempre por vir ao de cima: hoje j&aacute; n&atilde;o acredito nisso&rdquo;.
E embora esteja em paz com a ideia de que &ldquo;a evolu&ccedil;&atilde;o &eacute; uma esp&eacute;cie de entropia, perdem-se coisas para se ganhar novas coisas&rdquo;, a ele cabe-lhe &ldquo;esta luta&rdquo; de &ldquo;levantar coisas&rdquo; que lhe parecem importantes e que acha &ldquo;importante que sejam relembradas&rdquo;.
Antes da entrevista, na primeira parte, Ant&oacute;nio Rodrigues e El&iacute;sio&nbsp;Macamo&nbsp;voltam ao tema da Guin&eacute;-Bissau, depois de na semana passada o Supremo Tribunal&nbsp;<a href="https://www.publico.pt/2025/09/24/mundo/noticia/supremo-guinebissau-rejeita-candidatura-coligacao-paigc-eleicoes-2148408" data-cke-saved-href="https://www.publico.pt/2025/09/24/mundo/noticia/supremo-guinebissau-rejeita-candidatura-coligacao-paigc-eleicoes-2148408">ter dado mais um golpe</a>&nbsp;na estrutura carcomida da democracia, atacada por todos os lados pelos caprichos do Presidente Umaro&nbsp;Sissoco&nbsp;Embal&oacute;, cujo mandato terminou a 27 de Fevereiro, mas que se mant&eacute;m no poder por&nbsp;sua&nbsp;livre e espont&acirc;nea vontade.
Desta vez, a maioria dos ju&iacute;zes recusou apreciar a candidatura da coliga&ccedil;&atilde;o&nbsp;PAI-Terra&nbsp;Ranka, que ganhou com maioria as elei&ccedil;&otilde;es de Junho de 2023, porque a mesma teria sido entregue fora de prazo, apesar de na justifica&ccedil;&atilde;o o tribunal referir que o prazo acabava a 25 de Setembro e a candidatura entrara no dia 19.
Tamb&eacute;m conversam sobre o an&uacute;ncio da pr&oacute;xima cimeira&nbsp;&Aacute;frica-Fran&ccedil;a, que se realizar&aacute; em Maio de 2026, pela primeira vez num pa&iacute;s cuja l&iacute;ngua oficial n&atilde;o &eacute; o franc&ecirc;s. A cimeira tem por t&iacute;tulo&nbsp;Africa&nbsp;Forward, porque n&atilde;o s&oacute; aponta para o futuro como est&aacute; em ingl&ecirc;s. Apesar de os franceses continuarem a olhar para si como herdeiros de um imp&eacute;rio que deixou a sua l&iacute;ngua como l&iacute;ngua oficial de cerca de 30 pa&iacute;ses, h&aacute; muito que o franc&ecirc;s deixou de ser l&iacute;ngua franca, substitu&iacute;do pelo ingl&ecirc;s. E at&eacute; Paris o reconhece.

Como dizia Eduardo White, os países africanos são hoje cacos dos sonhos que partiram ontem. António Rodrigues e Elísio Macamo discutem, a cada duas semanas, como colá-los.

Como dizia Eduardo White, os países africanos são hoje cacos dos sonhos que partiram ontem. António Rodrigues e Elísio Macamo discutem, a cada duas semanas, como colá-los.

António Rodrigues e Elísio Macamo discutem, a cada duas semanas, a actualiade africana.

Na Terra dos Cacos

 Os temas africanos no centro do debate.

Os temas africanos no centro do debate.

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