Um motorista do 474, conhecido como linha do inferno no Rio de Janeiro, contou a Gabriel Weber que se, se a previsão do fim de semana é de sol, ele começa a "meter Alprazolam", um ansiolítico, já na quinta-feira.

O arquiteto é autor de "474 Jacaré/Copacabana". O livro, a partir de um olhar de dentro do 474, busca entender o Rio de Janeiro e suas desigualdades.

O ônibus liga o que ele chama de bairros-cativeiro da massa falida da zona norte a uma zona sul com um microclima mais ameno, que abriga as praias das pessoas de bem e onde toca João Gilberto.

O túnel que liga os dois Rios, Weber diz, é como um portal místico —e depois de cruzá-lo, com jovens surfando em cima do ônibus e viajando nas janelas, o ônibus provoca um Big Bang na zona sul e se torna alvo da polícia.

Para ele, por outro lado, esse corte que marca a urbanização carioca não gera uma cidade partida e o próprio 474 é um dos vetores que costuram os vários fragmentos do Rio de Janeiro.

Nesta entrevista, o arquiteto afirma que não ignora os problemas de segurança relacionados à linha, mas defende que é preciso lembrar as condições de vida dos moradores dos bairros precários da zona norte e a elite segregacionista da zona sul, que vê as praias como espaços de uso exclusivo.

Weber também discutiu as questões de gênero e racial que se manifestam no 474 e contou algumas histórias que presenciou, como um homem que desrespeitou o código de ética da linha roubando uma moradora da zona norte e acabou empurrado para fora do ônibus.
Produção e apresentação: Eduardo Sombini
Edição de som: Raphael Concli

Um motorista do 474, conhecido como linha do inferno no Rio de Janeiro, contou a Gabriel Weber que se, se a previs&atilde;o do fim de semana &eacute; de sol, ele come&ccedil;a a "meter Alprazolam", um ansiol&iacute;tico, j&aacute; na quinta-feira.
O arquiteto &eacute; autor de "<a href="https://sobinfluencia.com/produtos/474-jacare-copacabana/" data-cke-saved-href="https://sobinfluencia.com/produtos/474-jacare-copacabana/">474 Jacar&eacute;/Copacabana</a>". O livro, a partir de um olhar de dentro do 474, busca entender o Rio de Janeiro e suas desigualdades.
O &ocirc;nibus liga o que ele chama de bairros-cativeiro da massa falida da zona norte a uma zona sul com um microclima mais ameno, que abriga as praias das pessoas de bem e onde toca Jo&atilde;o Gilberto.
O t&uacute;nel que liga os dois Rios, Weber diz, &eacute; como um portal m&iacute;stico &mdash;e depois de cruz&aacute;-lo, com jovens surfando em cima do &ocirc;nibus e viajando nas janelas, o &ocirc;nibus provoca um Big Bang na zona sul e se torna alvo da pol&iacute;cia.
Para ele, por outro lado, esse corte que marca a urbaniza&ccedil;&atilde;o carioca n&atilde;o gera uma cidade partida e o pr&oacute;prio 474 &eacute; um dos vetores que costuram os v&aacute;rios fragmentos do Rio de Janeiro.
Nesta entrevista, o arquiteto afirma que n&atilde;o ignora os&nbsp;problemas de seguran&ccedil;a relacionados &agrave; linha, mas defende que &eacute; preciso lembrar as condi&ccedil;&otilde;es de vida dos moradores dos bairros prec&aacute;rios da zona norte e a elite segregacionista da zona sul, que v&ecirc; as praias como espa&ccedil;os de uso exclusivo.
Weber tamb&eacute;m discutiu as quest&otilde;es de g&ecirc;nero e racial que se manifestam no 474 e contou algumas hist&oacute;rias que presenciou, como um homem que desrespeitou o c&oacute;digo de &eacute;tica da linha roubando uma moradora da zona norte e acabou empurrado para fora do &ocirc;nibus.
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<li>Produ&ccedil;&atilde;o e apresenta&ccedil;&atilde;o:&nbsp;<a href="https://www1.folha.uol.com.br/autores/eduardo-sombini.shtml">Eduardo Sombini</a></li>
<li>Edi&ccedil;&atilde;o de som:&nbsp;<a href="https://www1.folha.uol.com.br/autores/raphael-concli.shtml">Raphael Concli</a></li>
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A equipe de jornalistas da Ilustríssima, da Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.

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