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Cubatão: O Vale da Morte #81

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Em 1980, a cidade de Cubatão, na região metropolitana de São Paulo, foi considerado o município mais poluído do mundo e apelidado de Vale da Morte.

Por que Cubatão era tão poluído? Cerca de 27 indústrias químicas estavam instaladas na cidade, emitindo gases tóxicos, comprometendo a saúde dos seus 80 mil moradores.

Essa poluição era grave principalmente na Vila Socó: um bairro de palafitas construído sob um mangue em Cubatão.

Os moradores da Vila Socó tinham o maior índice de doenças respiratórias do Brasil. Cerca de 12 em cada 10 mil bebês nasciam sem cérebro, um número 3x maior que a média nacional.

Em 1980, Cubatão tinha um orçamento de 25 bilhões de cruzeiros, o que hoje são mais de 9 milhões de reais. Porém, a cidade não tinha um único m²  de rede de esgotos.

Pela proximidade com Santos, o maior porto da América Latina, Cubatão se tornou uma grande área industrial. Entretanto, não era o melhor local pra isso 👇

A região fica em um vale, cercada pela Serra do Mar. Assim, os gases nocivos se acumulavam no local, dificultando a circulação de ar, criando um efeito "bolsão."

Várias denúncias eram feitas sobre a insalubridade da cidade, mas todas eram barradas pelo governo militar: desde 1964, Cubatão era considerada uma zona de interesse militar pelos seu potencial elétrico, industrial e hídrico.


Ou seja, jornalistas e pesquisadores que investigassem a poluição de Cubatão podiam ser processados ou presos por espionagem.

Somado a isso, uma das maiores preocupações dos moradores da Vila Socó era um oleoduto da Petrobrás que cruzava a principal rua da cidade: entre 1971 e 1975, o oleoduto teve 1 vazamento a cada 10 dias.

Cercada por diversas casas, de 1977 até 1984, o oleoduto já havia se rompido 19 vezes.

Legalmente, o equipamento não poderia estar ali: a Petrobrás deveria enterra-lo ou realocar todos os moradores próximos. Porém, nada foi feito por décadas.


Em fevereiro de 1984 o oleoduto não suportou a pressão e vazou 700 mil litros de gasolina na Vila Socó.

Como muitas casas não possuíam energia elétrica e sim lâmpadas à gás, um incêndio começou, se espalhando rapidamente pelo mangue.

Em questão de minutos, a Vila Socó foi consumida pelas chamas, matando mais de 500 pessoas.

Apenas após o incêndio, a Vila Socó recebeu infraestrutura: o mangue começou a ser aterrado e residências de alvenaria foram construídas para substituir as de madeira.

Os sobreviventes que perderam familiares receberam até 8 mil reais, enquanto aqueles que perderam suas moradias receberam até 4 mil reais.

Porém, só 8 famílias tiveram a perda de seus familiares indenizados e só 28 casas foram construídas para as 3 mil que ficaram desabrigadas.

Em 1985, os moradores remanescentes foram transferidos mais tarde para um bairro planejado, que recebeu o nome de Vila São José.

Até hoje, nenhuma autoridade de Cubatão ou da Petrobrás foram penalizadas de alguma forma.

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