A escritora Carolina Maria de Jesus foi um sucesso instantâneo quando foi lançada. Ela era uma mulher negra, mãe e pobre que narrou como era sua vida como moradora de uma favela em “Quarto de Despejo”. Quando seu livro de estreia saiu, em 1960, a tiragem inicial de 10 mil exemplares esgotou em uma semana.
Mas, um ano depois, Carolina estava descontente. Em janeiro de 1961, ela escreveu nos seus diários: "É que eu percibi que eles queriam expoliar-me! Que sugeira! Eu dou lucro a imprensa. Era para comprar uma casa limpa para mim porque eu não tenho tempo de limpar".
Ela também estava irritada com o jornalista Audálio Dantas, que foi quem convenceu ela a publicar "Quarto de Despejo" após eles se conhecerem anos antes na favela do Canindé, em São Paulo.
Muitas das tensões entre Audálio e Carolina se tornaram públicas ao longo dos anos. Mas as desavenças e as contradições dessa relação estão sendo ainda mais expostas e debatidas com o relançamento de “Casa de Alvenaria” pela Companhia das Letras, com passagens inéditas dos diários da escritora.
O episódio desta semana relembra a carreira de Carolina Maria de Jesus e também analisa essas tensões entre ela e Audálio Dantas que estão sendo debatidas agora.
Para isso, conta com a participação de Tom Farias, jornalista e biógrafo da Carolina, Ricardo Balthazar, repórter especial da Folha, e João Fernandes, diretor artístico do Instituto Moreira Salles.