Uma vida dedicada ao crime, toda ela passada em gangues até se tornar o chefe da família Patriarca de New England, Massachussetts. Salemme, conhecido como “Cadillac Frank”, foi responsável por inúmeras mortes e estava, até à data da sua morte, preso em prisão perpétua após ter cumprido 11 anos de prisão. Faleceu aos 89 anos no dia 13 de dezembro.

Abigail Kinoiki Kekaulike Kawananakoa, conhecida como Princesa Abigail Kawananakoa, nasceu durante o Periodo Terriotorial do Havai e era descendente da família real Havaiana. Com a sua morte estingue-se a dinastia real daquele país anexado aos Estados Unidos desde o fim do século XIX. Abigail deixou considerável fortuna ao falecer aos 96 anos no passado dia 11 de dezembro.

O esquadrão da RAF nº 617 ficou conhecido como “The Dambusters” por ter destruído duas barragens em 1943 que ajudaram à derrota Nazi. Amplamente condecorado, era o último membro vivo do esquadrão. Faleceu aos 101 anos a 7 de dezembro.

“Nunca se viu nada assim”, é a descrição feita aos tumultos que se sucederam à morte do artista angolano Nagrelha. Com o seu grupo Os Lambas, Nagrelha conquistou o mundo em 2000 e, já a solo, foi autor de vários sucessos como “Não Me Tarraxa Assim”, “Wamona” ou “Provou e Gostou”. No seu funeral, a polícia foi forçada a intervir com gás lacrimogéneo devido aos tumultos e roubos, havendo inclusive mortes e feridos. Nagrelha faleceu aos 36 anos vítima de cancro do pulmão.

Pierre de Lagarde ensinou a um vasto auditório francês a importância da preservação do património arquitetónico. De 1962 até 1975 o seu programa permitiu a salvação de mais de 150 monumentos em ruína. Morreu aos 90 anos em Paris.

Virginia McLaurin morreu de falha cardíaca no passado dia 14 na sua casa de Olney, no Maryland, ao fim de 113 anos de vida, a crer nos seus cálculos, já que não existem provas de que tenha sequer nascido, talvez por não ter sido gente, antes um anjo dos céus caído. Por cá deixou 50 descendentes directos, desde filhos a tetranetos.

Nos 20 anos em que viveu Aura, o mundo passou por várias mudanças e muitas delas foram catastróficas. Esta fémea de lince ibérico, contudo, ajudou a salvar a sua ameaçada espécie da forma mais natural possível e sem política: a comer, a dormir e a procriar. Dizem os tratadores que tinha um feitio complicado, mas que cuidava muito bem das suas crias. Para não sofrer mais, foi eutanaziada no dia 10 de outubro.

O caso foi tão marcante na sociedade brasileira que abafou a demissão de Collor de Mello, presidente que se afastou devido aos escândalos de corrupção e inflação elevada. A 28 de Dezembro de 1992, Pádua e a sua mulher Paula Thomaz assassinaram a atriz Daniella Perez, filha da argumentista Gloria Perez. Ordenado pastor em 2017, Pádua era apoiante de Jair Bolsonaro e morreu aos 53 anos vítima de enfarte.

Nacionalista escocês, Ian Robertson Hamilton entrou na abadia de Westminster em Londres no dia de Natal de 1950 e roubou a Pedra do Destino (Stone of Scone), objeto utilizado nas coroações escocesas até 1296, altura em que foi roubada pela coroa Inglesa. Apesar da pedra estar em solo escocês, vai ser utilizada na coroação do Rei Carlos III. Político, ativista pela independência e advogado, Hamilton faleceu aos 97 anos sem ver a Escócia independente.

Neto de moleiro e filho de polícia, criado e crescido no bairro de Campolide, Adriano Moreira namorou a oposição a Salazar mas acabou sendo seu ministro, tentando reformar o regime e o império por dentro antes de serem varridos a partir de fora. O regime democrático não lhe vedou as portas a um sem-número de elevados cargos, como deputado à Assembleia da República, de que foi vice-presidente de 1991 a 1995, presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, de 1998 a 2007, ou membro do Conselho de Estado, de 2015 a 2019. Líder do CDS, deixou vasta obra escrita, quer académica quer de intervenção cívica, fundando uma importante escola de estudos políticos e sociais, o ISCSPU, local onde sempre foi aclamado como figura tutelar. Um sobrevivente em ditadura e em democracia, Adriano Moreira faleceu a 23 de outubro, pouco depois de completar um século de vida.

Antonio Inoki teve várias vidas, combateu pesos-pesados como Muhammad Ali e foi também político. Teve participações na televisão e em bandas-desenhadas e era um ícone de uma geração. Faleceu aos 79 anos no dia 1 de outubro.

Al Qaradawi gozava de imensa popularidade no mundo Islâmico devido ao seu programa na Al Jazeera e era considerado “moderado” pelas fações mais radicais do Islão apesar de promover chicotadas públicas a homossexuais.

Um dos fundadores da “The Paris Review”, uma das mais importantes revistas literárias da segunda metade do século XX, John Train exerceu a função de speechwriter no Pentágono e, depois de trabalhar em Wall Street, fundou a consultora Train, Smith Investment Counsel, a favorita das famílias ricas de Nova Iorque, assinando ainda livros sobre investimento e finanças. Reagan, George W. Bush e Clinton nomearam-no para missões em todo o mundo, com destaque para África, Ásia e a Europa de Leste. O Civil Courage Prize, galardão que todos os anos distingue ativistas pelos direitos humanos, foi instituído pela Fundação Train, que John criou. Faleceu aos 94 anos, no Maine.

Uma das incontáveis vítimas da assimilação Australiana, episódio negro onde crianças aborígenes eram retiradas aos pais na infância (só conheceu a sua mãe o ano passado), Jack Charles foi presença assídua na televisão, um importante ativista pelos direitos LGBTQIA+ e aborígenes. Uma vida sofrida mas dedicada às causas que realmente importam. Faleceu no dia 13 de setembro em Victoria.

Quando Krishnam Raju se dedicou à política já tinha sido protagonista em centenas de dramalhões telugos. A sua vida política foi marcada por uma acérrima defesa das vacas, animal sagrado no seu país. Raju foi uma verdadeira estrela na Índia, onde vivem 1,4 biliões de pessoas e se falam 447 línguas. Faleceu no passado dia 11 de setembro aos 82 anos.

Manuel Muñoz Alcón, mais conhecido pelo seu nome artístico Manolo Sanlúcar, foi um dos maiores expoentes do flamenco espanhol ao lado de nomes como Paco de Lucia, Tomatito e Vicente Amigo. Aos 8 anos já dominava a guitarra e ganhava prémios. Faleceu a 27 de agosto após 70 anos de vida dedicados à arte do Flamenco.

Sabe-se que foi amante de Marlon Brando e, embora nunca tenha deixado filhos, deixou uma legião de filmes e fãs. Irene Papas foi a eterna atriz grega, imortalizada em filmes como “Zorba, o Grego” ou “Os Canhões de Navarone”, papeis fortes e inesquecíveis. Sofria de Alzheimer e já tinha abandonado a carreira em 2018. Faleceu no dia 14 de Setembro aos 96 anos.

Considerado demasiado louco até para o mais louco dos jornalistas, Hunter S. Thompson, Tim Page fotografou o Vietname durante a guerra, foi ferido várias vezes, abraçou o movimento hippie e serviu de inspiração para o fotógrafo protagonizado por Dennis Hopper em “Apocalipse Now“. Faleceu a 24 de agosto, uma vida dedicada às imagens.

Um dos maiores charlatões da história teria de ser amigo de outro grande criminoso, Jeffrey Epstein. Steven Hoffenberg morreu e não deixa saudades, após ter amealhado fortuna à custa de esquemas de pirâmide. Foi encontrado morto em casa a 23 de Agosto.

Parece quase cliché dizer que o derradeiro líder da ex-União Soviética nasceu na pobreza mas isso é a realidade da maioria da população daquele país gigante, especialmente à época. Foi com muito custo e graças a uma debulhadora que que conseguiu estudar em Moscovo e subir a escada do poder. Uma história intensa, escrita e narrada por António Araújo.

Falecido aos 88 anos, de causas não especificadas, o padre Carl Kabat passava a vida a entrar ilegalmente em fábricas de armamento nuclear definia-se como um "louco de Cristo". Com os recentes acontecimentos na central de Zaporíjia, vale a pena recordar os alertas que Carl Kabat foi dando ao longo de décadas, de forma furiosa e violenta, para os perigos das armas nucleares. Em 1994, com os seus companheiros, adotou o hábito de participar nos protestos vestidos de palhaços, moda que inspiraria outros grupos contestatários. Sacerdote rouge e pacifista, Kabat morreu no passado dia 4 de agosto.

“Estudava matemática de forma maníaca”, recordou o filho de Mario Fiorentini no dia do seu funeral. Descendente de um contabilista judeu e de uma doméstica católica, o mais condecorado resistente italiano de toda a Segunda Guerra Mundial montou espectáculos teatrais e esteve envolvido em tentativas de homicídio, assassinatos, lutas e atentados à bomba que resultaram na morte de centenas de fascistas. Morreu a 9 de agosto, com 103 anos. Lutou até ao fim para que o seu país não perdesse a memória dos negros tempos de Mussolini.

A junta militar que ocupou Myanmar em fevereiro de 2021 já fez milhares de mortos civis, incluíndo crianças, e Zayar Thaw foi um dos ativistas executados por enforcamento após ter sido condenado sob a bizarra acusação de terrorismo. A sua banda de hip-hop Acid foi um sucesso e um marco na história daquele país, tal como o seu ativismo político ao lado de Aung San Suu Kyi. Foi executado a 23 de Julho.

Nos Estados Unidos a indústria dos lobbies é, provavelmente, a maior indústria de todas. Adiante esta hipérbole, é inegável o contributo que pessoas como Patrick Michaels deram à pseudociência ambiental: este “cientista” era pago pela indústria do carvão para disseminar mentiras sobre o aquecimento global em relatórios bem disfarçados. Morreu aos 72 anos e não vai deixar saudades. 

Eugenio Scalfari é um dos maiores vultos jornalísticos italianos, responsável por inúmeras investigações sobre a corrupção de um país que parece não conseguir viver sem escândalos. Editor do jornal L’Espresso e fundador do jornal La Repubblica, foi também político, deputado pelo Partido Socialista Italiano e faleceu a 14 de julho aos 98 anos.

Lily Safra foi uma das mulheres mais ricas do mundo e colecionou também tragédias, com as mortes bizarras de 3 dos seus 4 maridos e um dos seus filhos, este vítima de acidente de viação. Morreu aos 87 anos e deixou vasta fortuna e, sobretudo, uma importante obra social.

Reponsável por inúmeros crimes, alguns encobertos já em democracia, Miguel Etchecolatz foi um dos piores artífices da criminalidade da ditadura argentina. Dez alunos de liceu torturados e espancados cruelmente, 400 bebés raptados aos pais, homicídio... a lista é extensa. Morreu, finalmente, há poucos dias. Oiça o seu obituário escrito e narrado por António Araújo.

Leonardo Del Vecchio fundou a Luxxottica em 1967 e, desde aí, acumulou sucessos e vendas, tornando essa empresa o maior fabricante de ótica do mundo que faz armações para marcas de luxo como Chanel, Prada, Armani ou Burberry e, para além do negócio de lentes de contacto, a empresa detém também marcas como Ray-Ban, Essilor ou Oakley. Construiu um império do nada que rende quase 10 biliões de euros por ano. Oiça a sua história neste obituário escrito e narrado por António Araújo.

Indigenista, ativista pelos direitos dos índios da Amazónia e covardemente assassinado juntamente com o jornalista Dom Philips. Este foi o desfecho da vida de luta de Bruno Araújo Pereira, um dos maiores especialistas em indígenas isolados e recentemente deposto do seu cargo na Funai, Fundação Nacional do índio - mais um golpe baixo do executivo de Jair Bolsonaro que tem feito tudo ao seu alcance para expropriar a Amazónia dos seus recursos naturais. Bruno Araújo Pereira foi assassinado aos 41 anos.

Se reduzirmos a vida do ator Jean-Louis Trintignant ao seu tórrido (e curto) romance com Brigitte Bardot, à época a mulher mais cobiçada de França, seríamos injustos com o seu legado. Protagonista de diversos filmes de realizadores como François Truffaut, Roger Vadim ou Michael Haneke, o ator faleceu aos 91 anos de uma vida cheia de sucessos mas também de amarguras, como a violenta morte da sua filha.

Só alguém suficientemente estúpido e displicente deixaria que dois trapalhões andassem pela Europa numa missão assassina com uma mala carregada de uma substância radioativa. Vladimir Putin deu a ordem, Kovtun e o seu amigo Andrey Lugovoi cumpriram da pior forma possível: o ex-espião Alexander Litvinenko só morreu à terceira tentativa, com um chá carregado de pulónio-210, e após um rasto de radioatividade deixada pelos dois incompetentes em aviões, taxis e restaurantes. Kovtun morreu agora de Covid e o seu amigo Lugovoi é deputado na Duma. Oiça esta história incrível e absolutamente aterradora escrita e narrada por António Araújo.

Quem viu a série “Narcos”, da Netflix, conhece bem a figura de Gilberto Rodríguez Orejuela, um dos barões do cartel de Cali, rival do cartel de Medellín, de Pablo Escobar. A sua vida dava, literalmente, um filme, para além do que foi contado na série, mas por agora podemos deliciar-nos com este obituário escrito e narrado por António Araújo sobre uma das figuras mais importantes do tráfico de droga colombiano. Orejuela morreu na prisão dos Estados Unidos, onde se encontrava encarcerado

O excelso e extenso currículo de Angelo Sodano é comparável aos inúmeros casos de abusos sexuais que terá encoberto durante o seu serviço à igreja. Eleito cardeal secretário de estado em 1981, acompanhou as viagens de João Paulo II, revelou em 2000 o terceiro segredo de Fátima e teve papel fundamental na eleição de Francisco como sumo-pontífice. Morreu dia 27 de Maio aos 94 anos.

Um atentado terrorista no Grand Vérfour, Paris, em 1983, marcou para sempre a vida de Françoise Rudetzki. A explosão roubou-lhe as pernas mas não a vontade de viver. Até falecer, Françoise foi ativista pelas vítimas do terrorismo que assolam o país. Morreu aos 73 anos dia 18 de Maio.

Foi apenas em 2021 que Johnnie Jones foi galardoado com o “Purple Heart”, a mais antiga condecoração dada aos militares norte-americanos, 77 anos depois de ter participado no desembarque da Normandia no setor Omaha, o mais sangrento. Após o serviço militar tornou-se advogado para defender os direitos dos afroamericanos. A morte escapou-lhe sempre, nem mesmo as bombas do Ku Klux Klan o travaram na sua luta contra a segregação racial. Morreu aos 102 anos.

Nascida Rachelle, Régine viveu infortúnio atrás de infortúnio no decorrer da guerra (e do pós-guerra). Nos anos 50 a sorte gracejou-lhe, finalmente, ao ter uma ideia genial: usar dois gira-discos para que a música tocasse continuamente e, assim, quebrar o silêncio ensurdecedor dos beijos dos clientes que se ouvia entre músicas. Estava criada a primeira discoteca do mundo. O império de Régine percorreu mundo e a empresária convivia alegremente com Andy Warhol, Brigitte Bardot, os Kennedys, Liza Minnelli, Truman Capote, Marlene Dietrich, Henry Miller, Richard Nixon ou Salvador Dalí. Morreu aos 92 anos, no Dia do Trabalhador.

Um casamento infortuno de 20 anos com ameaças de morte levou Letizia Battaglia a fugir e a encontrar a sua verdadeira vocação, longe da obrigação familiar imposta pelo seu ex-marido. O primeiro corpo que fotografou, no final dos anos 70, deu origem a uma prodigiosa e reconhecida carreira de fotojornalismo dedicada ao submundo da máfia siciliana. As suas cruas e intensas fotografias a preto e branco foram o rosto da violência do crime organizado na Sicilia. Letizia sobreviveu, apesar das ameaças de morte que recebeu durante a carreira, vindo a faleceu pacificamente aos 87 anos no dia 13 de Abril ao lado do seu cão, Pippo.

Juntando todos os jornais do mundo em circulação não haveria espaço para a quantidade de barbaridades que Vladimir Jirinóvski, líder do partido ultranacionalista LDPR, apregoava e apoiava. Desde sugestões de bombardeamento atómico à Europa a incitações de violação que levaram, inclusive, uma jornalista grávida ao hospital em estado de choque, António Araújo relata boa parte das incúrias que Jirinóvski papageava. Vladimir Jirinóvski não era apenas um "clown" como Trump ou Bolsonaro: Vladimir Putin compareceu ao seu funeral, numa rara aparição pública. Suspeita-se que tenha morrido de complicações com a Covid-19 e não deixa saudades.

Apesar de ter apenas cumprido 15 dos 31 anos de prisão a que foi condenado, Luís Roldán marcou para sempre o espectro político espanhol, sendo considerado um dos responsáveis pela descredibilização das instituições pós-franquistas com a sua corrupção e desvio de fundos. Estima-se que tenha desviado mais de 14 milhões de euros do erário público Espanhol e desconfia-se até que tenha roubado da Associação dos Órfãos da Guarda Civil. Morreu no passado dia 24 e o seu corpo nem velado foi.

Uma mulher do outro tempo, quiçá de outro planeta, Elspeth Howe teve uma vida dedicada à luta cívica pelos direitos das mulheres. Casada com Geoffrey Howe, político cuja demissão fez destronar Margaret Tatcher num discurso que ainda hoje é estudado e que terá sido concebido com a ajuda de Elspeth, dizem. Mulher notável, fez carreira por mérito próprio ao invés de outros indivíduos do parlamento britânico como Jo Johnson, irmão de Boris Johnson ou Evgeny Lebedev, filho de um oligarca russo ex-KGB que quase nunca comparece na Câmara dos Lordes. Elspeth, uma das mais ativas parlamentares, faleceu no passado dia 22 aos 90 anos.

Um dos nomes mais reconhecíveis do fotojornalismo brasileiro, galardoado com inúmeros prémios, Orlando Brito fotografou como poucos um Brasil de contrastes. Foi autor de fotografias icónicas dentro e fora da ditadura militar e chegou a ser espancado num comício de apoio a Jair Bolsonaro em 2020. Morreu no passado dia 11 de março vítima de falência de órgãos após uma operação a um cancro nos intestinos.

Após a dissolução da URSS existiam 25 mil ogivas nucleares no território soviético. Evgeny Maslin foi responsável por desmantelar ou recolher essas ogivas, um verdadeiro soldado da paz. Supervisionou as negociações para a desnuclearização da Ucrânia e do Cazaquistão, que conferiram ao países um estatuto de independência e proteção contra invasões. A ironia não acaba aqui: Maslin morreu um dia depois de Vladimir Putin ter acenado ao mundo o seu arsenal atómico, a 28 de fevereiro.

Henriette Hanotte, mais conhecida pelo seu nome de código Monique, foi certamente uma das inspirações da série “Alô, Alô” que replicava, com muito humor, o dia-a-dia da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Membro da Linha Cometa, nome da organização clandestina, Monique arriscou a vida ao salvar centenas de pilotos atravessando a França ocupada: umas vezes a pé, outras de comboio, outras de bicicleta. Amplamente e justamente condecorada, morreu no passado dia 20 de fevereiro aos 101 anos.

80 anos de carreira, cerca de 50 mil canções em 36 dialetos indianos e estrangeiros (incluíndo Inglês, Russo ou Holandês) e inúmeras condecorações. A ‘voz do milénio’ era, seguramente, a cantora mais conhecida de um país, já de si, extremamente musical. Uma voz incrível tem também uma história incrível, para descobrir neste Desastres Naturais. Lata Mangeshkar morreu aos 92 anos de falência orgânica após complicações com a Covid-19.

Durante a ocupação da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética provocou um embargo à cidade de Berlim entre 1948 e 1949, impedindo o transporte de mantimentos da zona ocupada pelo ocidente, provocando a fome. Gail Halvorsen, piloto das tropas Norte-Americanas que ajudaram a população afetada pelo bloqueio, ficou tão sentido com a quantidade de crianças famintas do outro lado do arame farpado que concebeu uma missão para enviar toneladas de doces via avião em pequenos pára-quedas. Faleceu a 16 de Fevereiro.

O elevado número de prémios, galardões e medalhas atribuídos a Luc Montagnier é igual ao número das perigosas idiotices que propagandeava: que as vacinas causam autismo, que o ADN pode ser transmitido por via eletromagnética, que João Paulo II tratasse a sua doença de Parkinson com papaia fermentada, entre muitas outras ideias absolutamente assustadoras. Morreu o homem mas as ideias criminosas, infelizmente, ficaram.

O mundo não vai sentir a falta de al-Qurashi, líder do autoproclamado Estado Islâmico, grupo terrorista responsável por inúmeros atos sangrentos. Já o anterior líder, al-Baghdadi, outro facínora reponsável por, entre outros, o atentado no Bataclan em París e o massacre da minoria Yazidi, tinha conhecido fim semelhante em 2019: morte por explosão. Não se sabe ao certo o dia do seu nascimento mas sabemos perfeitamente o dia da sua morte: 3 de Fevereiro de 2022. 

Teve vários nomes em vida mas o epíteto de pai do “mindfulness” é o que se apresenta mais de acordo com a sua vida plena, uma vida simples que ajudou milhões de pessoas a alcançar a paz interior. Nasceu no Vietname mas deixou marcas nos Estados Unidos e em França, onde criou escolas e centros de ajuda e meditação e foi também autor de mais de 150 livros. Morreu há dias em paz, como sempre viveu e nos ensinou.

A vida de Elza Soares foi tão intensa quanto a sua voz. Casada aos 12 anos com o homem que a violou, teve 8 filhos e viu morrer 4 (dois deles de fome). No seu segundo casamento, com o futebolista Garrincha, foi também vítima de violência mas a voz, essa, nunca se calou. A sua carreira tomou novo fôlego em 2015 com a edição do disco “A Mulher do Fim do Mundo” que a fez ganhar inúmeros prémios e louvores, inclusive o de “Voz do Milénio”. Morreu de causas naturais aos 98 anos, no passado dia 20. Em paz, finalmente.

As 10 doses de LSD que Bart Weetjens tomou de uma assentada quando tinha 21 anos foram talvez a revelação que lhe faltava para dar sentido à vida. Bart fundou a APOPO, associação cuja missão é localizar e desativar minas anti-pessoais, engenhos que matam e incapacitam 8 mil pessoas por ano. Magawa era um pequeno ratinho farejador de minas condecorado com medalha de ouro, um verdadeiro herói que morreu pacificamente no passado dia 15, muito feliz por ter contribuído para um mundo bem melhor.