O aumento dos impostos para os mais ricos e a diminuição para os brasileiros mais pobres entrou no debate da campanha presidencial nas discussões das propostas de reforma tributária. Ao menos no discurso e nas promessas, a tributação dos muitos ricos é um ponto em comum das candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) para financiar o aumento dos custos com os programas de transferência de renda. Como mostrou a Agenda do Estadão publicada no sábado, a reforma tributária, que não foi aprovada até agora, continua no topo das prioridades para o próximo governo.
O presidenciável Ciro Gomes (PDT) acenou com a implementação do imposto sobre grandes fortunas para financiar um amparo adicional às famílias mais pobres no valor de R$ 1 mil. A candidata do MDB, a senadora Simone Tebet fala numa reforma tributária para diminuir desigualdades, mas sem a criação de impostos.
Para o economista e diretor do Centro de Cidadania Fiscal, Bernard Appy, que também é colunista do Estadão, o discurso da reforma tributária não é o suficiente para efetivamente tributar os mais ricos. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele defendeu a correção de distorções do Imposto de Renda com a tributação dos lucros e dividendos obtidos pelos mais ricos. O projeto de reforma do IR já foi aprovado pela Câmara e depende de votação no Senado. A proposta prevê a taxação de lucros e dividendos em 15% e a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), promessa de campanha de Bolsonaro e de Lula.