A 18 de Junho de 2006 foi aprovado em referendo pelos Catalães e Catalãs o novo Estatuto de Autonomia da Catalunha. Este novo estatuto, que vinha substituir o de 1979 aprovado com o fim da ditadura de Franco, dizia, no seu preâmbulo, que a Catalunha era uma “nação”. 

O novo documento, aprovado também pelo Congresso dos Deputados e Senado Espanhol, dava mais poderes administrativos e fiscais à Catalunha e equiparava a língua catalã à castelhana. 

No entanto, apesar deste estatuto ter entrado em vigor a 9 de Agosto de 2006, foram várias as acusações de inconstitucionalidade. O Partido Popular, do agora primeiro ministro espanhol Mariano Rajoy, foi o que mais se fez ouvir, denunciando 187 artigos. Foi então que em 2010, o Tribunal Constitucional decidiu retirar do documento 14 artigos e alterar 27, incluindo a parte do preâmbulo que se referia à Catalunha como uma “nação”. 

Com a crise económica e financeira fortemente sentida em Espanha, seguida das políticas de austeridade do governo espanhol, e um estatuto de autonomia em grande parte alterado, não tardou até que o povo Catalão saísse às ruas nos anos seguintes. Como disse Manuel Loff, o nosso convidado do episódio de hoje, entre 1977-81 e 2012, “apesar das tensões, os catalães pareciam ter encontrado o seu lugar em Espanha.” 

Mas a 27 de Outubro deste ano, a Catalunha, através do seu parlamento, escolheu perder esse lugar em Espanha e declarou a independência. 

Como é que chegámos aqui? Como é que o movimento independentista cresceu tanto? Quem faz parte deste movimento? Os Catalães devem ou não escolher se querem fazer parte de Espanha? E como tem sido a resposta do governo espanhol? 

Hoje conversamos com Manuel Loff, historiador, professor na Universidade do Porto e investigador no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, sobre a Catalunha. Falámos não só do que tem acontecido nos últimos meses mas também da história daquela que é uma das regiões mais economicamente poderosas de Espanha. Quisemos perceber o porquê deste movimento independentista, falar sobre o que conduziu a Espanha e a Catalunha até este momento, e analisar a resposta do governo de Mariano Rajoy.

Ouve aqui o novo episódio.

Até já,
Maria

Texto: Maria Almeida
Preparação e entrevista: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro 
Captação e edição de som: Bernardo Afonso

A 18 de Junho de 2006 foi aprovado em referendo pelos Catal&atilde;es e Catal&atilde;s o novo Estatuto de Autonomia da Catalunha. Este novo estatuto, que vinha substituir o de 1979 aprovado com o fim da ditadura de Franco, dizia, no seu pre&acirc;mbulo, que a Catalunha era uma &ldquo;na&ccedil;&atilde;o&rdquo;. O novo documento, aprovado tamb&eacute;m pelo Congresso dos Deputados e Senado Espanhol, dava mais poderes administrativos e fiscais &agrave; Catalunha e equiparava a l&iacute;ngua catal&atilde; &agrave; castelhana. No entanto, apesar deste estatuto ter entrado em vigor a 9 de Agosto de 2006, foram v&aacute;rias as acusa&ccedil;&otilde;es de inconstitucionalidade. O Partido Popular, do agora primeiro ministro espanhol Mariano Rajoy, foi o que mais se fez ouvir, denunciando 187 artigos. Foi ent&atilde;o que em 2010, o Tribunal Constitucional decidiu retirar do documento 14 artigos e alterar 27, incluindo a parte do pre&acirc;mbulo que se referia &agrave; Catalunha como uma &ldquo;na&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Com a crise econ&oacute;mica e financeira fortemente sentida em Espanha, seguida das pol&iacute;ticas de austeridade do governo espanhol, e um estatuto de autonomia em grande parte alterado, n&atilde;o tardou at&eacute; que o povo Catal&atilde;o sa&iacute;sse &agrave;s ruas nos anos seguintes. Como disse Manuel Loff, o nosso convidado do epis&oacute;dio de hoje, entre 1977-81 e 2012, &ldquo;apesar das tens&otilde;es, os catal&atilde;es pareciam ter encontrado o seu lugar em Espanha.&rdquo; Mas a 27 de Outubro deste ano, a Catalunha, atrav&eacute;s do seu parlamento, escolheu perder esse lugar em Espanha e declarou a independ&ecirc;ncia. Como &eacute; que cheg&aacute;mos aqui? Como &eacute; que o movimento independentista cresceu tanto? Quem faz parte deste movimento? Os Catal&atilde;es devem ou n&atilde;o escolher se querem fazer parte de Espanha? E como tem sido a resposta do governo espanhol? Hoje conversamos com Manuel Loff, historiador, professor na Universidade do Porto e investigador no Instituto de Hist&oacute;ria Contempor&acirc;nea da Universidade Nova de Lisboa, sobre a Catalunha. Fal&aacute;mos n&atilde;o s&oacute; do que tem acontecido nos &uacute;ltimos meses mas tamb&eacute;m da hist&oacute;ria daquela que &eacute; uma das regi&otilde;es mais economicamente poderosas de Espanha. Quisemos perceber o porqu&ecirc; deste movimento independentista, falar sobre o que conduziu a Espanha e a Catalunha at&eacute; este momento, e analisar a resposta do governo de Mariano Rajoy. Ouve aqui o novo epis&oacute;dio. At&eacute; j&aacute;, Maria Texto: Maria Almeida Prepara&ccedil;&atilde;o e entrevista: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro Capta&ccedil;&atilde;o e edi&ccedil;&atilde;o de som: Bernardo Afonso

Jornalismo independente, progressista e dissidente.

Fumaça

Fumaça é um podcast de jornalismo de investigação. É um órgão de comunicação social independente, progressista e dissidente.

Fuma&ccedil;a &eacute; um&nbsp;podcast&nbsp;de&nbsp;jornalismo&nbsp;de&nbsp;investiga&ccedil;&atilde;o. &Eacute; um &oacute;rg&atilde;o&nbsp;de&nbsp;comunica&ccedil;&atilde;o social independente, progressista e dissidente.

A 18 de Junho de 2006 foi aprovado em referendo p…

Advertisement