Em 1991, Israel assinou a convenção internacional sobre os direitos da criança da Organização das Nações Unidas. No seu artigo 37º pode ler-se “a captura, detenção ou prisão de uma criança devem ser conformes à lei, serão utilizadas unicamente como medida de último recurso e terão a duração mais breve possível”.

Ahed Tamimi, uma criança palestiniana de 17 anos (tinha 16 quando foi detida), permanece presa desde a noite de 19 de Dezembro, quando soldados israelitas apareceram no seu quarto para a levar, depois de um vídeo que mostrava Ahed a dar uma bofetada a um soldado se ter tornado viral. O mês passado, um tribunal militar israelita decidiu mantê-la presa a aguardar julgamento sem data conhecida. Podem ser semanas, podem ser meses.

Ahed está agora a ser julgada nos tribunais militares israelitas, tal como acontece a qualquer criança palestiniana que se encontre detida e ao contrário do que acontece a crianças israelitas. De acordo com a Defence for Children International, desde 2000, pelo menos 8000 crianças palestinianas foram presas e julgadas num tribunal militar israelita, não tendo variadíssimas vezes acesso a direitos básicos como o de poder estar com a família num claro desrespeito do direito internacional, e sofrendo, 3 em cada 4 crianças, de violência física durante a detenção, transferência ou interrogatório. 

O historial de desobediência a convenções das Nações Unidas por parte de Israel é já longo e, segundo Falastane Dwikat, ativista palestiniana com quem falamos hoje, “o sistema atual de apartheid israelita e o sistema de ocupação têm como objetivo esmagar os palestinianos e as palestinianas”. Incluindo crianças.

Falastine falou-nos desde Ramallah, uma cidade palestiniana a 20 quilómetros de Nabi Saleh, a vila onde vive a família Tamimi, incluindo Ahed. Falastine tem sido uma das mais ativas pessoas na campanha #FreetheTamimis, estando presente nas variadíssimas ações de protesto não violentas contra a prisão da Ahed, Nariman (a mãe de Ahed) e outros membros da família Tamimi que tantas vezes foram presos.

A prisão de Ahed, as acusações que enfrenta, a normalidade que é uma criança palestiniana ser detida indefinidamente e a ocupação israelita foram temas que abordámos na conversa que podes ouvir aqui.

Texto, preparação, entrevista e captação de som: Ricardo Ribeiro
Edição de som: Bernardo Afonso

Em 1991, Israel assinou a conven&ccedil;&atilde;o internacional sobre os direitos da crian&ccedil;a da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas. No seu artigo 37&ordm; pode ler-se &ldquo;a captura, deten&ccedil;&atilde;o ou pris&atilde;o de uma crian&ccedil;a devem ser conformes &agrave; lei, ser&atilde;o utilizadas unicamente como medida de &uacute;ltimo recurso e ter&atilde;o a dura&ccedil;&atilde;o mais breve poss&iacute;vel&rdquo;. Ahed Tamimi, uma crian&ccedil;a palestiniana de 17 anos (tinha 16 quando foi detida), permanece presa desde a noite de 19 de Dezembro, quando soldados israelitas apareceram no seu quarto para a levar, depois de um v&iacute;deo que mostrava Ahed a dar uma bofetada a um soldado se ter tornado viral. O m&ecirc;s passado, um tribunal militar israelita decidiu mant&ecirc;-la presa a aguardar julgamento sem data conhecida. Podem ser semanas, podem ser meses. Ahed est&aacute; agora a ser julgada nos tribunais militares israelitas, tal como acontece a qualquer crian&ccedil;a palestiniana que se encontre detida e ao contr&aacute;rio do que acontece a crian&ccedil;as israelitas. De acordo com a Defence for Children International, desde 2000, pelo menos 8000 crian&ccedil;as palestinianas foram presas e julgadas num tribunal militar israelita, n&atilde;o tendo variad&iacute;ssimas vezes acesso a direitos b&aacute;sicos como o de poder estar com a fam&iacute;lia num claro desrespeito do direito internacional, e sofrendo, 3 em cada 4 crian&ccedil;as, de viol&ecirc;ncia f&iacute;sica durante a deten&ccedil;&atilde;o, transfer&ecirc;ncia ou interrogat&oacute;rio. O historial de desobedi&ecirc;ncia a conven&ccedil;&otilde;es das Na&ccedil;&otilde;es Unidas por parte de Israel &eacute; j&aacute; longo e, segundo Falastane Dwikat, ativista palestiniana com quem falamos hoje, &ldquo;o sistema atual de apartheid israelita e o sistema de ocupa&ccedil;&atilde;o t&ecirc;m como objetivo esmagar os palestinianos e as palestinianas&rdquo;. Incluindo crian&ccedil;as. Falastine falou-nos desde Ramallah, uma cidade palestiniana a 20 quil&oacute;metros de Nabi Saleh, a vila onde vive a fam&iacute;lia Tamimi, incluindo Ahed. Falastine tem sido uma das mais ativas pessoas na campanha #FreetheTamimis, estando presente nas variad&iacute;ssimas a&ccedil;&otilde;es de protesto n&atilde;o violentas contra a pris&atilde;o da Ahed, Nariman (a m&atilde;e de Ahed) e outros membros da fam&iacute;lia Tamimi que tantas vezes foram presos. A pris&atilde;o de Ahed, as acusa&ccedil;&otilde;es que enfrenta, a normalidade que &eacute; uma crian&ccedil;a palestiniana ser detida indefinidamente e a ocupa&ccedil;&atilde;o israelita foram temas que abord&aacute;mos na conversa que podes ouvir aqui. Texto, prepara&ccedil;&atilde;o, entrevista e capta&ccedil;&atilde;o de som: Ricardo Ribeiro Edi&ccedil;&atilde;o de som: Bernardo Afonso

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