No dia 1 de Outubro, há pouco mais de um mês atrás, mais de 2 milhões dos cerca de 5,4 milhões de catalães e catalãs foram às urnas votar a independência da Catalunha. As imagens da guarda civil e polícia espanholas a arrastar e carregar quem pacificamente tentava fazer valer o seu voto correram o mundo. O número de feridos multiplicou-se durante o dia chegando a mais de 800 até ao cair da noite. Quando tudo parecia mais calmo, ao final do dia, Mariano Rajoy, Primeiro-Ministro espanhol, dizia num comunicado ao país: “Fizemos o que tínhamos de fazer e cumprimos a nossa obrigação, atuando dentro da lei e sempre dentro da lei”. 

Nas semanas anteriores ao referendo de dia 1 de Outubro, a repressão do Governo e das autoridades espanholas fazia-se já sentir na Catalunha. Adrià Alsina Leal, o nosso convidado de hoje, conta que se montou “uma grande operação da polícia espanhola e dos serviços de inteligência com várias centenas de agentes em Barcelona a procurar as urnas, a procurar os papéis de voto, a procurar e investigar qualquer pessoa que pudesse estar ligada à organização do referendo.”

O Adrià é uma dessas pessoas. Catalão e português, é jornalista, politólogo, e professor de jornalismo e comunicação na Universidade de Vic. É também chefe de comunicação da Assembleia Nacional Catalã (ANC), uma organização a favor da independência que foi reprimida durante este processo, tendo sido o seu líder, Jórdi Sànchez, preso preventivamente no dia 16 de Outubro.

Um mês após o referendo, no dia 2 de Novembro, foram presos preventivamente e incondicionalmente - sem possibilidade de pagarem uma caução para sair da prisão - 8 membros do governo catalão. 7 dias depois, a 9 de Novembro, mais 6 membros da mesa do parlamento catalão, incluindo a presidente do parlamento, Carme Forcadell, foram ouvidos pela justiça espanhola em Madrid. 4 deles saíram em liberdade obrigados a pagar uma multa de 25,000€. Carme Forcadell foi obrigada a passar a noite na prisão até pagar uma caução de 150,000€ no dia seguinte. O restante não teve qualquer medida de coação.

O Governo espanhol acionou o artigo 155º da Constituição espanhola, nunca antes usado, e despediu o governo catalão, marcando eleições antecipadas para o dia 21 de Dezembro.

Mas qual é a relevância de marcar eleições antecipadas enquanto 8 membros do governo que estava em funções estão na prisão? Esta foi uma das perguntas que fizemos. Conversámos também sobre como foi votar no dia 1 de Outubro, sobre as razões porque catalãs e catalães querem a independência e sobre o que pode acontecer daqui para a frente.


Até já,
Ricardo Ribeiro.

Texto: Ricardo Ribeiro
Preparação e entrevista: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro 
Captação de som: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro
Edição de som: Bernardo Afonso

No dia 1 de Outubro, h&aacute; pouco mais de um m&ecirc;s atr&aacute;s, mais de 2 milh&otilde;es dos cerca de 5,4 milh&otilde;es de catal&atilde;es e catal&atilde;s foram &agrave;s urnas votar a independ&ecirc;ncia da Catalunha. As imagens da guarda civil e pol&iacute;cia espanholas a arrastar e carregar quem pacificamente tentava fazer valer o seu voto correram o mundo. O n&uacute;mero de feridos multiplicou-se durante o dia chegando a mais de 800 at&eacute; ao cair da noite. Quando tudo parecia mais calmo, ao final do dia, Mariano Rajoy, Primeiro-Ministro espanhol, dizia num comunicado ao pa&iacute;s: &ldquo;Fizemos o que t&iacute;nhamos de fazer e cumprimos a nossa obriga&ccedil;&atilde;o, atuando dentro da lei e sempre dentro da lei&rdquo;. Nas semanas anteriores ao referendo de dia 1 de Outubro, a repress&atilde;o do Governo e das autoridades espanholas fazia-se j&aacute; sentir na Catalunha. Adri&agrave; Alsina Leal, o nosso convidado de hoje, conta que se montou &ldquo;uma grande opera&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;cia espanhola e dos servi&ccedil;os de intelig&ecirc;ncia com v&aacute;rias centenas de agentes em Barcelona a procurar as urnas, a procurar os pap&eacute;is de voto, a procurar e investigar qualquer pessoa que pudesse estar ligada &agrave; organiza&ccedil;&atilde;o do referendo.&rdquo; O Adri&agrave; &eacute; uma dessas pessoas. Catal&atilde;o e portugu&ecirc;s, &eacute; jornalista, polit&oacute;logo, e professor de jornalismo e comunica&ccedil;&atilde;o na Universidade de Vic. &Eacute; tamb&eacute;m chefe de comunica&ccedil;&atilde;o da Assembleia Nacional Catal&atilde; (ANC), uma organiza&ccedil;&atilde;o a favor da independ&ecirc;ncia que foi reprimida durante este processo, tendo sido o seu l&iacute;der, J&oacute;rdi S&agrave;nchez, preso preventivamente no dia 16 de Outubro. Um m&ecirc;s ap&oacute;s o referendo, no dia 2 de Novembro, foram presos preventivamente e incondicionalmente - sem possibilidade de pagarem uma cau&ccedil;&atilde;o para sair da pris&atilde;o - 8 membros do governo catal&atilde;o. 7 dias depois, a 9 de Novembro, mais 6 membros da mesa do parlamento catal&atilde;o, incluindo a presidente do parlamento, Carme Forcadell, foram ouvidos pela justi&ccedil;a espanhola em Madrid. 4 deles sa&iacute;ram em liberdade obrigados a pagar uma multa de 25,000&euro;. Carme Forcadell foi obrigada a passar a noite na pris&atilde;o at&eacute; pagar uma cau&ccedil;&atilde;o de 150,000&euro; no dia seguinte. O restante n&atilde;o teve qualquer medida de coa&ccedil;&atilde;o. O Governo espanhol acionou o artigo 155&ordm; da Constitui&ccedil;&atilde;o espanhola, nunca antes usado, e despediu o governo catal&atilde;o, marcando elei&ccedil;&otilde;es antecipadas para o dia 21 de Dezembro. Mas qual &eacute; a relev&acirc;ncia de marcar elei&ccedil;&otilde;es antecipadas enquanto 8 membros do governo que estava em fun&ccedil;&otilde;es est&atilde;o na pris&atilde;o? Esta foi uma das perguntas que fizemos. Convers&aacute;mos tamb&eacute;m sobre como foi votar no dia 1 de Outubro, sobre as raz&otilde;es porque catal&atilde;s e catal&atilde;es querem a independ&ecirc;ncia e sobre o que pode acontecer daqui para a frente. At&eacute; j&aacute;, Ricardo Ribeiro. Texto: Ricardo Ribeiro Prepara&ccedil;&atilde;o e entrevista: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro Capta&ccedil;&atilde;o de som: Maria Almeida e Ricardo Ribeiro Edi&ccedil;&atilde;o de som: Bernardo Afonso

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Fumaça

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No dia 1 de Outubro, há pouco mais de um mês atrá…

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