Pode não parecer, mas o seu cérebro possui um mecanismo para ajudar você a detectar gente egoísta e evitar situações injustas. No episódio desta semana de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz recebem Paulo Boggio, professor do Mackenzie e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Neurociência Social e Afetiva. Um dos neurocientistas brasileiros mais respeitados do mundo, Boggio explica que o cérebro leva menos de 100 milissegundos para identificar uma roubada e salvar você dela --é menos do que o tempo necessário para pensar em imagens. No papo, ele explica por que esse superpoder foi crucial para a humanidade chegar até aqui. "A sobrevivência da gente depende muito de cooperação", diz ele. E também conta como as engrenagens dessa magia entram em jogo ao fazer uma simples pergunta: qual fatia de uma bolada você toparia receber para deixar outra pessoa ficar com o resto?
A afinidade une as pessoas. Mas o repúdio por algo também. Historicamente, os seres humanos formam grupos mais por defenderem algo de que gostam muito, algo que neurocientistas chamam de "in love group". Mas, recentemente, isso tem mudado: as pessoas têm se alinhado a outras com mais frequência por detestarem características ou as ideias de outros indivíduos. Você já percebe isso na política, mas não só nela. Boggio explica por que isso está acontecendo e o que a internet tem a ver com isso. Não é pouca coisa.
Você já deve ter ouvido que a solução para conflitos é "se colocar no lugar do outro". Munido de pesquisas em neurociência, Boggio explica que esse não é o melhor caminho. E ainda pode piorar as coisas. No fim das contas, esse exercício pode até levar a um sentimento cunhado por filósofos alemães como "Schadenfreude", algo como, "prazer na dor alheia". Ainda assim, há saída. Boggio explica como.