O concelho de Mértola é atravessado por um dos caminhos de Santiago. Parte do percurso cruza com a rota do lince ibérico. Debaixo de um calor intenso, atravessamos a aldeia da Amendoeira. O caminho traz peregrinos ao interior motivados em encontrar o Pulo do Lobo, a garganta do Guadiana. Durante alguns quilómetros a paisagem não muda, encontramos rebanhos que ajudam a cortar a monotonia. Assustadas com a presença de forasteiros, as ovelhas correm em várias direções. Entre uma pausa à sombra para recuperar forças, as setas amarelas guiam-nos à queijaria, onde o leite das ovelhas é transformado no melhor queijo da região. A aldeia da Amendoeira é passagem obrigatória de peregrinos, que vieram dinamizar um lugar onde habitam apenas 20 pessoas, a maioria idosos. A desertificação do interior sente-se bem por aqui. Não há transportes públicos, a população organiza-se e pede um táxi aos serviços da autarquia sempre que precisa de ir às compras ou ao médico. Até ao Pulo do Lobo há mais uma hora de caminho, a paisagem muda ligeiramente à medida que nos aproximamos do Guadiana, que dá alma a este lugar. O Pulo do Lobo é dos ex-líbris naturais de Portugal, local com uma intensidade de água impressionante, ideal para renovar as forças para o caminho que falta. Seguimos à boleia até à entrada de Mértola. Cada esquina revela a sua história de importante interposto comercial durante várias civilizações, um autêntico museu a céu aberto. A tecelagem das mantas de lã, ofício considerado o mais antigo do concelho, passou de geração a geração até aos dias de hoje. Finalizamos a nossa viagem junto à Igreja da Nossa Senhora da Anunciação.